O que é Danos De Percevejos

Os danos de percevejos referem-se ao conjunto de injúrias físicas e fisiológicas causadas pela alimentação de insetos da família Pentatomidae em culturas agrícolas, representando um dos maiores desafios fitossanitários do agronegócio brasileiro atual. Esses insetos possuem aparelho bucal do tipo picador-sugador, que utilizam para perfurar os tecidos vegetais e extrair a seiva. No entanto, o prejuízo mais severo não advém apenas da sucção de nutrientes, mas da injeção de saliva contendo enzimas tóxicas que causam necrose tecidual e alterações hormonais na planta, comprometendo seu desenvolvimento estrutural e produtivo.

No contexto do sistema de produção intensivo do Brasil, especialmente na sucessão soja-milho, os danos são agravados pelo fenômeno da “ponte verde”. Os percevejos migram da cultura da soja (onde se multiplicam) para a cultura do milho safrinha ou permanecem abrigados na palhada e em plantas daninhas. No milho, o ataque é crítico nas fases iniciais, atingindo o meristema de crescimento. Isso resulta em plantas deformadas, com redução de porte e vigor, podendo levar à morte das plântulas e à necessidade de replantio, impactando diretamente a rentabilidade da lavoura.

Principais Características

  • Injeção de toxinas: Diferente de pragas mastigadoras, o percevejo injeta enzimas que causam a morte das células (histólise) ao redor da picada, resultando em deformações severas no crescimento da planta.

  • Sintoma de “charuto”: No milho, o dano ao cartucho faz com que as folhas centrais não consigam se desenrolar, ficando presas umas às outras e adquirindo um formato tubular característico.

  • Lesões simétricas: Ao perfurar o cartucho da planta ainda enrolado, uma única picada atravessa várias camadas de folhas. Quando estas se expandem, apresentam furos transversais com padrão simétrico ou espelhado.

  • Dominância e improdutividade: Plantas atacadas que sobrevivem frequentemente tornam-se “dominadas”, apresentando porte reduzido, colmos mais finos e espigas deformadas ou inexistentes, agindo como competidoras por recursos sem retorno produtivo.

  • Ataque no colo da planta: Em estágios iniciais (plântulas), os percevejos, especialmente o barriga-verde (Dichelops spp.), tendem a atacar a base do caule (colo), local onde o tecido é mais tenro e próximo ao ponto de crescimento.

Importante Saber

  • Diferenciação de espécies: É crucial distinguir as espécies, pois o percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.) causa danos muito mais severos ao milho inicial do que o percevejo-marrom (Euschistus heros), exigindo níveis de controle mais rigorosos.

  • Monitoramento pré-plantio: A vistoria deve ser realizada antes mesmo da semeadura, avaliando a presença de adultos sob a palhada da cultura anterior, pois o tratamento de sementes isolado pode não ser suficiente em altas infestações.

  • Janela crítica de proteção: O período de maior vulnerabilidade do milho ocorre da emergência até o estágio V5 (cinco folhas). Danos ocorridos após essa fase têm menor impacto no estande, embora ainda possam afetar a espiga.

  • Horário de amostragem: Os percevejos possuem comportamento fotonegativo e termorregulador, escondendo-se na palhada ou na base das plantas nas horas mais quentes. O monitoramento é mais assertivo em horários de temperaturas amenas (início da manhã ou final da tarde).

  • Hospedeiros alternativos: O controle de plantas daninhas como trapoeraba e capim-pé-de-galinha é fundamental, pois elas servem de abrigo e alimento para os percevejos na entressafra, mantendo a população ativa na área.

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