O que é De Onde Vem As Lagartas Nas Plantas

A dúvida sobre a origem das lagartas nas lavouras é frequente entre produtores e técnicos, mas a resposta reside fundamentalmente no ciclo biológico dos insetos da ordem Lepidoptera (mariposas e borboletas). As lagartas não surgem espontaneamente nas plantas; elas representam a fase larval desses insetos. O processo de infestação inicia-se com a chegada das mariposas adultas à área de cultivo. Esses adultos, muitas vezes de hábitos noturnos e com grande capacidade de dispersão pelo voo, são atraídos pelas culturas agrícolas que servem como hospedeiras ideais para alimentação e reprodução. Após o acasalamento, as fêmeas depositam seus ovos nas folhas, hastes ou estruturas reprodutivas das plantas, e é da eclosão desses ovos que “nascem” as lagartas.

No cenário agrícola brasileiro, o surgimento aparentemente repentino de grandes populações de lagartas está intrinsecamente ligado ao conceito de “ponte verde”. Devido ao clima tropical e à sucessão contínua de culturas (como o sistema soja-milho ou soja-trigo/aveia), as pragas encontram alimento disponível durante o ano todo. Quando a cultura principal é colhida, as lagartas ou pupas podem sobreviver em plantas daninhas, na tiguera (plantas voluntárias) ou em lavouras vizinhas. Assim que a nova safra emerge, as mariposas migram dessas áreas de refúgio para as plantas jovens, realizando a postura dos ovos e reiniciando o ciclo de danos.

Além disso, fatores ambientais desempenham um papel crucial na percepção de onde vêm as lagartas. Em condições de temperaturas elevadas, comuns em grande parte do Brasil, o ciclo de vida dos insetos acelera. O período de incubação dos ovos pode ser reduzido para poucos dias, fazendo com que uma lavoura aparentemente limpa apresente lagartas visíveis em um curto espaço de tempo. Muitas vezes, os ovos são minúsculos e depositados na face inferior das folhas, passando despercebidos no monitoramento visual rápido, o que gera a surpresa do produtor ao encontrar a praga já em atividade.

Principais Características

  • Ciclo Holometábolo: As lagartas são apenas uma das quatro fases do desenvolvimento (ovo, larva, pupa e adulto), sendo a fase larval a única responsável pelo consumo de massa vegetal e danos econômicos diretos.
  • Dispersão por Voo: A origem primária da infestação é a migração de mariposas adultas, que podem voar longas distâncias trazidas por correntes de vento ou migrar ativamente de áreas adjacentes.
  • Hábito Polífago: Muitas espécies incidentes no Brasil, como Spodoptera spp. e Helicoverpa spp., alimentam-se de diversas famílias de plantas, permitindo que migrem de plantas daninhas para culturas comerciais como soja, milho e aveia.
  • Oviposição Estratégica: As mariposas tendem a colocar ovos em partes da planta que ofereçam proteção e alimento imediato para as larvas recém-eclodidas, muitas vezes no terço superior ou médio do dossel.
  • Influência da Temperatura: O metabolismo desses insetos é ectotérmico; portanto, quanto maior a temperatura (dentro de limites biológicos), mais rápida é a eclosão dos ovos e o desenvolvimento larval.

Importante Saber

  • O monitoramento eficiente não deve focar apenas na contagem de lagartas, mas também na identificação da presença de adultos (mariposas) através de armadilhas luminosas ou de feromônio, antecipando picos populacionais.
  • A dessecação antecipada e o manejo rigoroso de plantas daninhas na entressafra são essenciais para eliminar a “ponte verde”, evitando que as lagartas passem de ervas infestantes diretamente para a cultura recém-plantada.
  • Lagartas de diferentes espécies possuem comportamentos distintos; algumas atacam as folhas (desfolhadoras), outras cortam o caule rente ao solo (lagarta-rosca) ou atacam as estruturas reprodutivas, exigindo estratégias de manejo específicas.
  • O controle é significativamente mais eficaz quando realizado nos primeiros instares larvais (lagartas pequenas, geralmente menores que 1,5 cm), pois lagartas grandes são mais tolerantes a inseticidas e tecnologias Bt.
  • A preservação de inimigos naturais, como predadores e parasitoides (vespas, percevejos predadores, fungos entomopatogênicos), ajuda a regular a população de ovos e lagartas pequenas, sendo um pilar do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
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