O que é De Onde Vem O Percevejo

A questão sobre a origem dos percevejos nas lavouras brasileiras remete ao entendimento da dinâmica populacional e do comportamento de sobrevivência dessas pragas durante a entressafra ou nos intervalos entre cultivos. Diferente do que muitos podem imaginar, os percevejos não surgem espontaneamente; eles possuem estratégias biológicas sofisticadas para permanecerem no ambiente agrícola. A principal fonte de infestação inicial em uma nova cultura, como a soja, o milho ou cereais de inverno (aveia e trigo), provém de populações remanescentes que sobreviveram abrigadas na palhada, em plantas daninhas ou em áreas de refúgio próximas, como matas e cercas.

No contexto do agronegócio brasileiro, especialmente em sistemas de Plantio Direto, a “origem” do percevejo está intimamente ligada à presença de restos culturais e à chamada “ponte verde”. Espécies como o percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus) adaptaram-se para sobreviver sob a palhada da cultura anterior, entrando em um estado de dormência ou atividade reduzida (oligopausa) quando o alimento é escasso. Quando a nova cultura emerge, essas pragas saem de seus abrigos e atacam as plântulas, causando danos severos logo no início do desenvolvimento vegetal.

Além da sobrevivência no próprio talhão, a origem dos percevejos também está associada à migração de áreas vizinhas. Quando uma lavoura adjacente é colhida ou dessecada, os insetos adultos tendem a voar em busca de novos hospedeiros, concentrando-se inicialmente nas bordaduras dos novos plantios. Portanto, compreender “de onde vem” a praga é essencial para o Manejo Integrado de Pragas (MIP), pois indica que o controle deve começar antes mesmo da semeadura, através do manejo de plantas daninhas e do monitoramento da palhada e do entorno da lavoura.

Principais Características

  • Sobrevivência na Palhada: Em sistemas de plantio direto, a palha serve como abrigo térmico e proteção contra predadores, permitindo que percevejos (principalmente o Dichelops) permaneçam vivos na área entre uma safra e outra.
  • Hospedeiros Alternativos: Plantas daninhas como a trapoeraba e a buva, além de tigueras (plantas voluntárias da safra anterior), atuam como reservatórios de alimento e abrigo, mantendo a população da praga ativa na área.
  • Estado de Diapausa ou Oligopausa: Capacidade fisiológica de reduzir o metabolismo para sobreviver a períodos desfavoráveis (inverno ou falta de alimento), retomando a atividade assim que as condições melhoram.
  • Migração entre Culturas: Alta capacidade de voo e dispersão, permitindo que as pragas se desloquem de lavouras em final de ciclo (senescência) para lavouras em estágio vegetativo vigoroso.
  • Polifagia: A maioria dos percevejos de importância econômica no Brasil alimenta-se de diversas culturas (soja, milho, trigo, aveia), o que facilita sua permanência no sistema produtivo durante o ano todo.

Importante Saber

  • Monitoramento Pré-Plantio: É crucial realizar vistorias na área antes da semeadura, levantando a palhada e inspecionando plantas daninhas para identificar a presença de adultos sobreviventes e definir a necessidade de dessecação antecipada.
  • Risco para Culturas de Inverno: Cereais como aveia e trigo são frequentemente atacados logo na emergência por percevejos que restaram da safra de verão (soja/milho), exigindo atenção redobrada no tratamento de sementes.
  • Manejo de Plantas Daninhas: A eliminação eficiente de plantas hospedeiras e tigueras na entressafra quebra o ciclo da praga, reduzindo a população inicial que atacará a próxima cultura.
  • Danos Irreversíveis: O ataque de percevejos oriundos da palhada em plântulas recém-emergidas (especialmente em milho e trigo) pode causar o perfilhamento excessivo ou a morte da planta, danos que não podem ser recuperados posteriormente.
  • Efeito de Bordadura: As infestações migratórias geralmente começam pelas bordas do talhão; portanto, o monitoramento deve ser intensificado nessas zonas para detectar a entrada da praga o mais cedo possível.
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