O que é De Que E Feita A Cevada

A pergunta sobre “de que é feita a cevada” remete à composição anatômica e química deste cereal de inverno (Hordeum vulgare), uma das culturas mais tradicionais no sistema produtivo do Sul do Brasil. Estruturalmente, o grão da cevada é formado por três partes principais: o embrião (ou gérmen), que dá origem à nova planta; o endosperma, que constitui a maior parte do grão e armazena as reservas de energia (amido); e os envoltórios (casca, pericarpo e testa), que protegem a semente. Diferentemente do trigo, a cevada comercial possui a casca (lema e pálea) aderida ao grão mesmo após a colheita, uma característica física fundamental para a indústria, pois essa casca atua como elemento filtrante natural durante o processo de fabricação da cerveja.

Quimicamente, a cevada é “feita” majoritariamente de carboidratos, que representam entre 65% a 78% de sua composição, sendo o amido o componente predominante. Além da energia, o grão é composto por proteínas (variando de 9% a 12% para qualidade cervejeira e valores superiores para ração animal), fibras (celulose, hemicelulose e lignina presentes na casca), lipídios e minerais. No contexto do agronegócio brasileiro, a composição exata do grão é influenciada diretamente pela genética da cultivar, pelo manejo de adubação nitrogenada e pelas condições climáticas durante o enchimento de grãos, determinando se o lote será aceito pela indústria de malte ou destinado à alimentação animal.

Principais Características

  • Alto Teor de Amido: O endosperma é rico em grânulos de amido, que são convertidos em açúcares fermentáveis durante o processo de malteação, essenciais para a produção de álcool na cerveja ou energia na nutrição animal.
  • Casca Aderente: A presença da casca fibrosa (glumelas) é uma característica distintiva que protege o grão contra danos mecânicos e fungos, além de ser vital para a filtragem do mosto na cervejaria.
  • Proteínas (Hordeínas): O teor proteico é o fiel da balança comercial; para a indústria cervejeira, busca-se um equilíbrio (geralmente entre 9,5% e 12%), pois o excesso de proteína pode turvar a bebida e dificultar o processo industrial.
  • Beta-glucanas: A cevada contém fibras solúveis chamadas beta-glucanas nas paredes celulares do endosperma; embora benéficas para a saúde humana, em excesso podem causar problemas de viscosidade na filtração da cerveja.
  • Poder Germinativo: Como o grão é um organismo vivo, sua “composição” deve incluir a viabilidade do embrião, sendo exigido acima de 95% de poder germinativo para que o processo de malteação ocorra com sucesso.

Importante Saber

  • Manejo de Nitrogênio: A adubação nitrogenada deve ser precisa; o excesso de nitrogênio no solo pode elevar demais o teor de proteína do grão, desclassificando-o para a indústria de malte e reduzindo seu valor de mercado.
  • Colheita e Umidade: A colheita deve ser realizada com umidade adequada (geralmente em torno de 13% a 14%) para evitar a deterioração dos componentes químicos e o desenvolvimento de fungos durante o armazenamento.
  • Micotoxinas: Em anos chuvosos, a composição do grão pode ser comprometida pela presença de micotoxinas (como a DON), produzidas por fungos da giberela, o que inviabiliza o uso tanto para malte quanto, em níveis altos, para ração.
  • Classificação Comercial: A análise de “de que é feita” a cevada na prática se traduz na classificação comercial, onde são avaliados o Peso do Hectolitro (PH), a porcentagem de grãos gordinhos (plumpness) e a matéria estranha.
  • Diferenciação de Uso: É crucial identificar a aptidão da variedade plantada; cevadas forrageiras têm composição focada em biomassa e proteína bruta para pastejo, enquanto cevadas cervejeiras focam na qualidade do grão e amido.
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