O que é Decumbens Brachiaria

A Brachiaria decumbens (atualmente classificada também como Urochloa decumbens) é uma das espécies de gramíneas forrageiras mais tradicionais e resilientes da pecuária brasileira. Popularmente conhecida como “braquiarinha”, com destaque para o cultivar Basilisk, esta planta foi fundamental para a expansão da fronteira agrícola no Cerrado a partir da década de 1960. Sua principal função histórica e atual é servir como pastagem em solos de baixa fertilidade natural, ácidos e com altos níveis de alumínio, condições onde outras forrageiras mais exigentes teriam dificuldade de estabelecimento.

Diferente de espécies que formam touceiras eretas e isoladas, a Decumbens possui um hábito de crescimento prostrado. Seus estolões crescem rentes ao solo e possuem a capacidade de enraizar nos nós, criando uma cobertura vegetal densa e contínua, semelhante a um tapete. Essa característica não apenas fornece alimento para o gado, mas também desempenha um papel crucial na conservação do solo, protegendo-o contra o impacto direto da chuva e reduzindo a erosão laminar. Embora tenha perdido a hegemonia para a Brachiaria brizantha (Braquiarão) nas últimas décadas, ainda é amplamente utilizada em áreas de relevo acidentado e solos mais pobres.

Principais Características

  • Hábito de crescimento decumbente: A planta cresce deitada sobre o solo, emitindo raízes nos nós dos caules (estolões), o que garante um fechamento rápido e total da área plantada.
  • Alta rusticidade: Apresenta excelente adaptação a solos ácidos, pobres em fósforo e com alta saturação de alumínio, exigindo menor investimento inicial em fertilidade comparada a forrageiras de alta tecnologia.
  • Resistência ao pisoteio: Devido à sua estrutura de crescimento e sistema radicular denso, suporta bem o trânsito de animais e o pastejo mais intenso.
  • Suscetibilidade a pragas: Uma de suas características mais marcantes negativamente é a baixa resistência às cigarrinhas-das-pastagens (Deois spp. e Notozulia spp.), que podem comprometer severamente a produção de massa se não controladas.
  • Morfologia: Apresenta folhas lineares a lanceoladas, com pilosidade (pelos) em ambas as faces, atingindo geralmente uma altura média de 50 a 70 cm.

Importante Saber

  • Controle de erosão: Devido à sua capacidade de cobrir 100% do solo e ao enraizamento vigoroso, é a espécie mais recomendada para áreas de morro, taludes e terrenos com forte declividade, onde o risco de erosão é alto.
  • Risco de toxicidade (Fotossensibilização): A Brachiaria decumbens acumula saponinas (protodioscina) que podem causar fotossensibilização hepatógena (requeima) em ovinos, caprinos e bezerros jovens. O uso para essas categorias animais exige cautela extrema e manejo específico.
  • Dificuldade de erradicação: Em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), deve-se atentar para o fato de que a Decumbens possui um banco de sementes persistente no solo, podendo se tornar uma planta daninha de difícil controle nas culturas de grãos subsequentes se o manejo de dessecação não for rigoroso.
  • Não tolera encharcamento: Apesar de rústica quanto à seca e fertilidade, esta espécie não sobrevive em solos mal drenados ou áreas de várzea sujeitas a alagamento temporário; para essas condições, a Brachiaria humidicola é a indicada.
  • Identificação visual: No campo, diferencia-se facilmente da Brachiaria brizantha (Braquiarão) por não formar touceiras altas e eretas, mas sim um emaranhado denso próximo ao chão, e por possuir folhas mais estreitas e peludas.
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