Nutrição da Soja: Identificando Deficiências e Momento Ideal de Adubação
Nutrição da soja: como é feita a avaliação nutricional da lavoura, marcha de absorção de nutrientes e sintomas da deficiência de NPK.
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A deficiência de nitrogênio é um distúrbio nutricional crítico que ocorre quando as plantas não têm acesso a quantidades adequadas deste macronutriente, o qual é demandado em maior volume pela maioria das culturas agrícolas. O nitrogênio (N) é um componente fundamental da molécula de clorofila — responsável pela fotossíntese e pela coloração verde das folhas — e é essencial para a síntese de aminoácidos e proteínas. No cenário do agronegócio brasileiro, onde muitos solos, especialmente os de Cerrado, possuem naturalmente baixa fertilidade e matéria orgânica, o manejo inadequado do nitrogênio pode comprometer severamente o desenvolvimento vegetativo e a produtividade final da lavoura.
Em culturas como o milho e o trigo, a deficiência geralmente resulta de uma adubação insuficiente ou de perdas do nutriente por lixiviação e volatilização. No entanto, na cultura da soja, que é o foco de grande parte da produção nacional, a dinâmica é diferente. Como a soja obtém a maior parte de seu nitrogênio através da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) — uma simbiose com bactérias do gênero Bradyrhizobium —, a deficiência de nitrogênio nesta cultura é frequentemente um indicativo de falhas no processo de inoculação ou condições de solo que inibiram a atividade bacteriana, e não necessariamente a falta de adubo mineral nitrogenado no solo.
Identificar corretamente a carência deste nutriente é vital, pois ele atua diretamente no “motor” de crescimento da planta. Uma lavoura com deficiência de nitrogênio perde vigor, reduz sua área foliar e, consequentemente, diminui sua capacidade de converter luz solar em energia e grãos. O diagnóstico precoce, aliado ao entendimento da marcha de absorção da cultura, permite ao produtor tomar decisões de manejo assertivas para evitar prejuízos econômicos significativos na colheita.
Clorose generalizada em folhas velhas: O sintoma visual mais clássico é o amarelamento (clorose) que se inicia nas folhas mais antigas (baixeiras). Isso ocorre porque o nitrogênio é um elemento móvel dentro da planta, que o transloca das folhas velhas para as novas em situações de escassez.
Redução no porte da planta: A falta de nitrogênio afeta diretamente a divisão e expansão celular, resultando em plantas raquíticas, com caules finos e desenvolvimento vegetativo muito abaixo do potencial da cultivar.
Necrose foliar: Em estágios avançados de deficiência, a clorose nas folhas velhas evolui para a morte do tecido (necrose), apresentando um aspecto seco e de coloração marrom, podendo levar à queda prematura das folhas.
Baixo teor de proteína nos grãos: Como o nitrogênio é a base para a formação de aminoácidos, sua deficiência impacta diretamente a qualidade final do produto, resultando em grãos com menores teores de proteína e peso reduzido.
Padrão de amarelamento uniforme: Diferente de outras deficiências que causam manchas ou estrias, a falta de nitrogênio costuma deixar a folha inteira com um tom verde-pálido ou amarelado, muitas vezes seguindo a nervura central em gramíneas ou de forma difusa em leguminosas.
Relação com a FBN na soja: Na soja, a deficiência de nitrogênio raramente deve ser corrigida com aplicação massiva de ureia ou nitratos, pois isso pode inibir a fixação biológica. O foco deve ser garantir uma inoculação eficiente e o fornecimento de micronutrientes como Cobalto (Co) e Molibdênio (Mo), essenciais para as bactérias fixadoras.
Diferenciação de sintomas: É crucial não confundir a deficiência de nitrogênio com a de enxofre. Embora ambas causem amarelamento, a deficiência de enxofre (elemento imóvel) aparece primeiro nas folhas novas (ponteiro), enquanto a de nitrogênio começa nas folhas velhas.
Análise foliar é indispensável: Embora os sintomas visuais sejam indicativos fortes, a confirmação do estado nutricional deve ser feita via análise foliar, permitindo quantificar a gravidade da deficiência e ajustar o manejo para as próximas etapas ou safras.
Impacto na sanidade: Plantas deficientes em nitrogênio tornam-se mais suscetíveis a estresses bióticos e abióticos. O vigor reduzido facilita o ataque de pragas e a instalação de doenças, criando um efeito cascata de perdas na lavoura.
Momento da diagnose: A observação deve ser constante, mas é crítica nos estágios de maior demanda da cultura. Na soja, por exemplo, o enchimento de grãos exige alta translocação de N; se a FBN não tiver sido eficiente, a planta “canibaliza” suas próprias reservas, acelerando a senescência e derrubando a produtividade.
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