Artigos sobre Desvantagens do Milheto

O que é Desvantagens Do Milheto

Embora o milheto (Pennisetum glaucum) seja uma cultura extremamente versátil e benéfica para o sistema de produção brasileiro, a tag “Desvantagens do Milheto” refere-se aos desafios técnicos, limitações biológicas e riscos de manejo associados a esta gramínea. Como especialista, é fundamental esclarecer que não se trata necessariamente de defeitos da planta, mas sim de características que exigem atenção redobrada do produtor para evitar prejuízos na cultura principal (geralmente soja ou milho) ou na pecuária. O conhecimento desses pontos negativos é crucial para o planejamento agrícola, pois o sucesso do milheto depende de sua adequação ao clima, à janela de plantio e ao objetivo final da fazenda.

No contexto do agronegócio brasileiro, as desvantagens geralmente surgem quando há erros no posicionamento da cultivar ou no manejo agronômico. Por exemplo, o uso de variedades não certificadas ou o plantio em épocas inadequadas pode transformar uma solução de cobertura de solo em um problema de multiplicação de pragas ou competição por recursos. Além disso, por ser uma planta rústica e agressiva, o milheto pode se tornar uma planta daninha de difícil controle se o manejo de dessecação não for realizado no momento fisiológico correto.

Portanto, discutir as desvantagens do milheto envolve analisar sua sensibilidade ao fotoperíodo, sua interação com nematoides e pragas da soja, e as limitações nutricionais em comparação a outras forrageiras quando não manejado corretamente. Entender esses gargalos permite que o produtor mitigue riscos e extraia o máximo potencial da cultura, transformando possíveis desvantagens em pontos de atenção gerencial.

Principais Características

• Multiplicação de Nematoides: Algumas cultivares de milheto, especialmente as comuns (sem certificação genética), podem atuar como hospedeiras e multiplicadoras de nematoides, principalmente o Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões), prejudicando a cultura da soja subsequente.
• Sensibilidade ao Fotoperíodo: Muitas variedades são fotossensíveis; se plantadas tardiamente na safrinha, podem florescer precocemente antes de produzir a quantidade desejada de biomassa ou palhada, reduzindo a eficiência da cobertura do solo.
• Exigência Térmica Elevada: Diferente de outras culturas de inverno como a aveia ou o azevém, o milheto exige temperaturas de solo mais altas (acima de 18°C a 20°C) para germinar uniformemente, o que limita seu uso em regiões de clima frio ou em semeaduras muito tardias no Sul do Brasil.
• Dificuldade de Dessecação: Quando o milheto passa do ponto ideal de manejo e seus talos tornam-se muito fibrosos e lignificados, a dessecação química torna-se difícil e custosa, podendo exigir roçadas mecânicas ou doses elevadas de herbicidas.
• Risco de “Ponte Verde”: Se não houver um vazio sanitário adequado, a lavoura de milheto pode servir de abrigo e alimento para pragas como a lagarta-do-cartucho e percevejos, que migrarão para a lavoura comercial seguinte.
• Dormência de Sementes: Sementes recém-colhidas podem apresentar dormência fisiológica, resultando em uma germinação irregular e falhas no estande inicial se não forem tratadas ou armazenadas pelo tempo correto.

Importante Saber

• Escolha da Cultivar é Crítica: Para evitar o aumento da população de nematoides no solo, é imprescindível consultar o Fator de Reprodução (FR) da cultivar de milheto escolhida. Opte sempre por variedades resistentes ou com baixo FR para os nematoides presentes na sua área.
• Manejo da “Tiguera”: O milheto possui alta capacidade de ressemeadura natural. Se a colheita ou o manejo não forem bem feitos, ele pode se tornar uma planta daninha (milheto tiguera ou guaxo) na cultura subsequente, competindo por água e luz.
• Janela de Plantio: Respeite a exigência térmica da planta. O plantio feito em solos frios ou secos resulta em emergência lenta e desuniforme, deixando a cultura vulnerável a ataques de pragas e competição com ervas daninhas logo no início.
• Ponto de Pastejo e Nitrato: Na alimentação animal, embora raro, existe o risco de intoxicação por nitrato em animais famintos que entram em piquetes de milheto recém-adubados com nitrogênio após um período de seca. O manejo rotacionado deve observar a altura de entrada e saída para garantir qualidade e segurança.
• Planejamento da Dessecação: Para o sistema de Plantio Direto, a dessecação deve ocorrer antes que as sementes do milheto viabilizem, garantindo uma palhada de qualidade sem infestar a área. O ideal é manejar na fase de florescimento pleno ou início de enchimento de grãos.