O que é Doencas E Pragas

No contexto agronômico, a classificação “Doenças e Pragas” engloba os agentes bióticos que interferem negativamente no desenvolvimento fisiológico das culturas, comprometendo a produtividade e a qualidade da colheita. As pragas referem-se majoritariamente a insetos, ácaros e nematoides que causam danos físicos diretos ou atuam como vetores de patógenos. Já as doenças são distúrbios causados por microrganismos como fungos, bactérias e vírus, que infectam os tecidos vegetais. No Brasil, devido ao clima tropical e à extensão das áreas de cultivo, o controle desses agentes é um dos maiores desafios do produtor rural, exigindo estratégias integradas de manejo.

A incidência e a severidade desses problemas estão intrinsecamente ligadas à presença de hospedeiros e condições climáticas favoráveis. É neste cenário que práticas como o vazio sanitário ganham relevância crítica. Doenças como a ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) e pragas como o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) e a mosca-branca (Bemisia tabaci) possuem ciclos de vida que podem ser interrompidos pela ausência de alimento. Sem o manejo adequado, esses organismos encontram nas plantas voluntárias (tigueras) e na sucessão contínua de culturas a “ponte verde” necessária para sobreviver e se multiplicar entre as safras.

O impacto econômico das doenças e pragas vai além da perda direta de sacas por hectare. Ele envolve o aumento substancial nos custos de produção devido à necessidade de aplicações frequentes de defensivos agrícolas, maquinário e mão de obra. Portanto, o entendimento técnico sobre a biologia desses agentes e a adoção rigorosa de medidas preventivas, legislativas e de controle químico ou biológico são fundamentais para a sustentabilidade e rentabilidade do agronegócio brasileiro.

Principais Características

  • Dependência de Hospedeiros Vivos: A maioria das pragas e patógenos biotróficos (como a ferrugem) necessita de tecido vegetal vivo para completar seu ciclo reprodutivo, o que justifica a necessidade técnica da eliminação de plantas tigueras e do cumprimento do vazio sanitário.
  • Capacidade de Adaptação e Resistência: Tanto insetos quanto microrganismos possuem alta variabilidade genética, permitindo que desenvolvam resistência a princípios ativos de defensivos se o manejo não incluir a rotação de mecanismos de ação.
  • Disseminação Facilitada: A propagação ocorre de diversas formas, incluindo vento (esporos de fungos), vetores biológicos (insetos que transmitem viroses), movimentação de solo e trânsito de máquinas agrícolas contaminadas entre talhões.
  • Sazonalidade e Influência Climática: O desenvolvimento desses agentes é fortemente influenciado por temperatura e umidade; por exemplo, a ferrugem asiática é favorecida por alta umidade e temperaturas amenas, enquanto ácaros tendem a surgir em períodos mais secos.
  • Efeito “Ponte Verde”: Caracteriza-se pela sobrevivência de pragas e doenças em restos culturais, plantas daninhas ou culturas subsequentes que servem de abrigo e alimento na entressafra, mantendo o inóculo ou a população da praga alta para o próximo plantio.

Importante Saber

  • O Vazio Sanitário é Obrigatório: Para culturas como soja, algodão e feijão, o vazio sanitário não é uma recomendação, mas uma exigência legal estadual que visa reduzir o inóculo inicial de doenças e a população de pragas para a safra seguinte.
  • Monitoramento é a Base do MIP: O Manejo Integrado de Pragas (MIP) exige vistorias constantes na lavoura para identificar o nível de dano econômico antes de realizar qualquer intervenção, evitando aplicações desnecessárias ou tardias.
  • Eliminação de Tigueras: Plantas voluntárias (guaxas) que nascem de grãos perdidos na colheita são reservatórios primários de doenças e pragas; sua eliminação mecânica ou química durante a entressafra é crucial para a sanidade do próximo ciclo.
  • Rotação de Culturas: Alternar espécies vegetais na mesma área quebra o ciclo de pragas e doenças específicas de uma cultura, além de melhorar as características físicas e químicas do solo.
  • Identificação Correta: O sucesso do controle depende da diagnose precisa; confundir deficiências nutricionais com doenças ou errar na identificação da espécie da praga pode levar ao uso incorreto de insumos e falha no manejo.
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