O que é Dormência De Sementes

A dormência de sementes é um fenômeno fisiológico no qual sementes viáveis não germinam, mesmo quando submetidas a condições ambientais aparentemente ideais de umidade, temperatura, luz e oxigênio. Trata-se de um mecanismo evolutivo de sobrevivência, funcionando como um “freio biológico” que impede a germinação em momentos desfavoráveis ou prematuros, como ainda na planta-mãe. Esse processo garante a perpetuação da espécie, distribuindo a germinação ao longo do tempo e aumentando a longevidade da semente no solo.

No contexto do agronegócio brasileiro, a dormência apresenta uma dualidade importante. Por um lado, é essencial para a conservação de germoplasma e evita a viviparidade (germinação na espiga ou vagem) em culturas comerciais sob alta umidade na colheita. Por outro, representa um desafio técnico significativo, especialmente em forrageiras, espécies florestais e algumas frutíferas. Se não manejada corretamente, a dormência resulta em uma emergência desuniforme no campo, criando estandes falhos, plantas em diferentes estágios fenológicos e dificultando os tratos culturais e a colheita mecanizada.

Entender a dormência é crucial para diferenciar um lote de sementes de baixa qualidade (mortas ou deterioradas) de um lote com alto vigor, mas dormente. A superação desse estado exige métodos específicos de quebra de dormência, que variam conforme a espécie e o tipo de bloqueio, seja ele físico (tegumento impermeável) ou fisiológico (hormonal), garantindo assim o estabelecimento rápido e uniforme da lavoura.

Principais Características

  • Classificação Temporal: Divide-se em dormência primária, adquirida geneticamente durante a maturação na planta-mãe, e secundária, induzida após a dispersão por fatores ambientais estressantes, como secas ou temperaturas extremas.

  • Mecanismos de Bloqueio: Pode ser causada por fatores exógenos, como a impermeabilidade do tegumento à água e gases (comum em leguminosas), ou endógenos, relacionados ao equilíbrio hormonal do embrião ou imaturidade fisiológica.

  • Longevidade no Solo: Sementes dormentes tendem a permanecer viáveis por períodos mais longos no banco de sementes do solo, o que é uma característica marcante de muitas plantas daninhas de difícil controle.

  • Resposta a Estímulos: A saída do estado de dormência depende de “gatilhos” específicos, que podem ser naturais (alternância de temperatura, passagem pelo trato digestivo de animais) ou artificiais (escarificação, estratificação, uso de produtos químicos).

  • Variabilidade entre Espécies: A intensidade e o tipo de dormência variam amplamente; é frequente em forrageiras (como Brachiaria), hortaliças, espécies arbóreas e cereais como aveia e cevada, mas menos comum em grandes culturas domesticadas há mais tempo, como a soja.

Importante Saber

  • Impacto na Uniformidade: O plantio de sementes dormentes sem o devido tratamento resulta em germinação lenta e irregular, prejudicando a competição da cultura com plantas daninhas e comprometendo o potencial produtivo final.

  • Persistência de Daninhas: Muitas plantas invasoras utilizam a dormência secundária como estratégia para sobreviver a controles químicos e mecânicos, germinando em fluxos sucessivos ao longo de várias safras, o que exige monitoramento constante.

  • Avaliação de Qualidade: Em testes de laboratório, é fundamental distinguir sementes mortas de sementes dormentes; resultados de germinação baixos podem mascarar um lote viável que apenas necessita de superação de dormência.

  • Métodos de Superação: Existem técnicas específicas para “acordar” a semente, como a escarificação mecânica ou química (para romper tegumentos duros) e tratamentos térmicos, que devem ser escolhidos com base na recomendação técnica para cada cultura.

  • Armazenamento e Conservação: A dormência é uma aliada na indústria de sementes, permitindo o armazenamento por longos períodos sem perda significativa de viabilidade, essencial para a logística de distribuição e bancos de germoplasma.

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