O que é Drone Agro
O termo “Drone Agro” refere-se à aplicação de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAs), popularmente conhecidas como drones, nas rotinas produtivas do agronegócio. No contexto brasileiro, essa tecnologia consolidou-se como um dos pilares da Agricultura de Precisão e da Agricultura 4.0, atuando não apenas como um dispositivo de captura de imagens, mas como uma plataforma multifuncional de trabalho. Diferente do uso recreativo, os drones agrícolas são equipados com softwares de planejamento de voo, sensores específicos e hardware robusto para suportar as condições adversas do campo, como poeira e calor intenso.
A importância prática dessas aeronaves reside na capacidade de sobrevoar lavouras com agilidade, coletando dados com resolução muito superior à de satélites e sem a necessidade de entrar com maquinário pesado na área, o que evita o amassamento da cultura e a compactação do solo. Eles permitem que o agrônomo ou produtor tenha uma visão aérea detalhada e em tempo real da saúde da plantação, identificando falhas de plantio, reboleiras de plantas daninhas, estresse hídrico ou ataques de pragas antes que o dano seja visível ao nível do solo.
Além do monitoramento, o uso de drones para intervenção direta cresceu exponencialmente no Brasil. Atualmente, existem categorias específicas de drones pulverizadores e dispersores de sólidos. Eles são fundamentais para a aplicação de defensivos em áreas de difícil acesso, em terrenos declivosos ou quando o solo está muito úmido para a entrada de tratores. Também desempenham um papel crucial no controle biológico, realizando a liberação automatizada e uniforme de inimigos naturais (como vespas Trichogramma) sobre grandes extensões de terra, aumentando a eficiência do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Principais Características
- Sensores Multiespectrais e Termais: Muitos drones são equipados com câmeras que captam faixas de luz invisíveis ao olho humano, permitindo a geração de índices de vegetação (como o NDVI) para avaliar o vigor das plantas e a necessidade de irrigação ou fertilização.
- Capacidade de Pulverização Aérea: Drones de aplicação possuem tanques de líquidos e bicos atomizadores (muitas vezes eletrostáticos) que permitem a aplicação de defensivos com ultra baixo volume (UBV), garantindo cobertura eficiente com menor uso de água.
- Autonomia e Georreferenciamento: Operam guiados por GPS/RTK de alta precisão, garantindo que o voo siga rotas pré-programadas com exatidão centimétrica, evitando sobreposições na aplicação de insumos ou falhas no mapeamento.
- Dispersores de Sólidos: Equipamentos acoplados que permitem a semeadura de culturas de cobertura (como braquiária) ou a distribuição de fertilizantes granulados e iscas formicidas de forma homogênea.
- Agilidade Operacional: Possuem a característica de decolagem e pouso vertical (VTOL) na maioria dos modelos (multirrotores), dispensando pistas de pouso e permitindo operação imediata em talhões específicos.
Importante Saber
- Regulamentação Obrigatória: A operação de drones agrícolas no Brasil exige conformidade com normas da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e, no caso de drones de pulverização, registro junto ao MAPA (Ministério da Agricultura), exigindo curso de aplicador aeroagrícola remoto (CAAR).
- Processamento de Dados: Para funções de mapeamento, o drone é apenas a ferramenta de coleta; o valor agronômico é gerado posteriormente em softwares que processam as imagens (ortomosaicos) para gerar mapas de prescrição e relatórios técnicos.
- Limitações Climáticas: Diferente de tratores, a operação de drones é altamente sensível a condições meteorológicas, não sendo recomendada em situações de ventos fortes (deriva), chuva ou temperaturas extremas que afetam a bateria.
- Complementaridade: O drone não substitui totalmente a visita a campo ou o maquinário terrestre em grandes extensões, mas atua como uma ferramenta complementar para “scouting” (monitoramento) direcionado e aplicações pontuais (catação) ou em áreas de manobra difícil.
- Redução de Amassamento: O uso de drones para pulverização em estágios avançados da cultura (como no florescimento da soja ou milho alto) elimina as perdas por amassamento que ocorreriam com o uso de pulverizadores autopropelidos.