O que é Enfezamentos

Os enfezamentos do milho constituem um complexo de doenças sistêmicas e vasculares de alto impacto econômico, causadas por microrganismos da classe Mollicutes (espiroplasma e fitoplasma). Diferentemente das doenças fúngicas que atacam externamente os tecidos, estes patógenos colonizam os vasos do floema da planta, obstruindo o transporte de seiva elaborada e nutrientes. A transmissão ocorre exclusivamente por meio de um vetor, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), que adquire os patógenos ao se alimentar de plantas doentes e os inocula em plantas sadias durante seu processo de alimentação.

No contexto do agronegócio brasileiro, especialmente nas áreas de cultivo intensivo e na “safrinha”, os enfezamentos tornaram-se um desafio fitossanitário crítico. A doença manifesta-se principalmente através de dois tipos: o enfezamento pálido (causado por Spiroplasma kunkelii) e o enfezamento vermelho (causado por Fitoplasma). Ambos resultam em redução drástica do desenvolvimento da planta, espigas pequenas ou improdutivas e enfraquecimento do sistema radicular. Dados setoriais indicam que os prejuízos causados por esse complexo podem alcançar cifras bilionárias anualmente, exigindo uma abordagem de manejo regionalizado e preventivo, uma vez que não há controle curativo após a infecção.

Principais Características

  • Dependência do Vetor: A disseminação da doença está intrinsecamente ligada à presença e à dinâmica populacional da cigarrinha-do-milho, atuando como o quarto fator determinante no triângulo da doença para este patossistema específico.

  • Janela de Infecção: O período crítico para a transmissão ocorre nos estádios iniciais da cultura, predominantemente entre V2 e V6, embora os sintomas visuais severos só se manifestem, na maioria das vezes, durante a fase reprodutiva.

  • Condições Ambientais Específicas: O desenvolvimento do vetor e a eficiência da transmissão são favorecidos por temperaturas elevadas, situadas na faixa de 26°C a 32°C, sendo a umidade relativa e o molhamento foliar fatores menos determinantes para a infecção direta do que em doenças fúngicas.

  • Sintomatologia Sistêmica: Os sintomas incluem estrias cloróticas na base das folhas (enfezamento pálido) ou avermelhamento das folhas a partir das margens e pontas (enfezamento vermelho), além de multiespigamento e encurtamento de entrenós.

  • Obstrução Vascular: O mecanismo de dano envolve o entupimento dos vasos condutores, impedindo que os fotoassimilados produzidos nas folhas cheguem às espigas e raízes, o que compromete o enchimento de grãos.

Importante Saber

  • Manejo da “Ponte Verde”: A presença de milho tiguera (plantas voluntárias) na entressafra é o principal fator de manutenção do inóculo e do vetor no campo; sua eliminação é obrigatória para quebrar o ciclo da doença entre safras.

  • Diagnóstico Diferencial: Os sintomas visuais, especialmente o avermelhamento e o amarelamento, podem ser facilmente confundidos com deficiências nutricionais (como magnésio ou fósforo) ou estresses hídricos, exigindo análise técnica cuidadosa para evitar diagnósticos incorretos.

  • Resistência Genética: A utilização de híbridos com tolerância genética comprovada aos enfezamentos é a estratégia isolada mais eficaz, devendo ser a base do planejamento de plantio em regiões com histórico de alta pressão da praga.

  • Monitoramento e Controle do Vetor: O controle químico ou biológico deve focar na redução da população da cigarrinha nas fases iniciais da lavoura; aplicações tardias, quando os sintomas já são visíveis, são ineficazes para reverter o dano.

  • Risco de Tombamento: Plantas afetadas por enfezamentos apresentam colmos mais fracos e raízes menos desenvolvidas, o que aumenta significativamente as perdas por tombamento e quebramento durante a colheita mecanizada.

  • Irreversibilidade: Uma vez que a planta é infectada e os molicutes colonizam o floema, não existem fungicidas ou produtos capazes de “curar” a planta; todo o investimento deve ser preventivo e focado na proteção durante a janela de suscetibilidade.

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