O que é Entomopatógenos

Os entomopatógenos são microrganismos que atuam como agentes de controle biológico, causando doenças específicas em insetos-praga, levando-os à morte. O termo deriva do grego, onde “entomo” significa inseto e “pathos” significa doença. Este grupo inclui principalmente fungos, bactérias, vírus, nematoides e protozoários. Na agricultura brasileira, eles representam uma ferramenta vital dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP), oferecendo uma alternativa ou complemento ao uso de defensivos químicos convencionais, especialmente em culturas de grande extensão como soja, milho, cana-de-açúcar e algodão.

Diferente dos predadores e parasitoides, que são insetos ou organismos maiores, os entomopatógenos agem de forma microscópica. O processo de infecção varia conforme o organismo: fungos geralmente penetram através da cutícula (pele) do inseto, enquanto bactérias e vírus precisam ser ingeridos para agir no sistema digestivo da praga. Uma vez dentro do hospedeiro, esses microrganismos se multiplicam rapidamente, consumindo os nutrientes do inseto e liberando toxinas, o que resulta na morte da praga. Em condições ambientais favoráveis, o inseto morto pode se tornar uma nova fonte de inóculo, espalhando a doença para outros indivíduos da população, um fenômeno conhecido como epizootia.

A utilização de entomopatógenos tem crescido exponencialmente no Brasil devido à necessidade de manejar a resistência de pragas aos inseticidas químicos. Além disso, a tecnologia de formulação evoluiu, permitindo que esses organismos sejam aplicados com equipamentos convencionais de pulverização. Eles são fundamentais para uma agricultura mais sustentável, pois tendem a ser altamente seletivos, preservando inimigos naturais e polinizadores, além de não deixarem resíduos tóxicos nos alimentos ou no solo.

Principais Características

  • Alta Especificidade: A maioria dos entomopatógenos ataca apenas espécies específicas de insetos ou grupos restritos, garantindo a segurança de organismos não-alvo, como abelhas, inimigos naturais e o próprio aplicador.

  • Modos de Ação Distintos: Enquanto fungos como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae agem por contato direto, bactérias como Bacillus thuringiensis (Bt) e baculovírus necessitam ser ingeridos pela lagarta ou inseto para fazer efeito.

  • Capacidade de Epizootia: Sob condições ideais de umidade e densidade populacional da praga, a doença pode se espalhar naturalmente na lavoura a partir dos insetos infectados, ampliando o controle além da aplicação inicial.

  • Ausência de Período de Carência: Por serem organismos naturais e não tóxicos para mamíferos, geralmente não exigem intervalo de segurança entre a aplicação e a colheita, facilitando o manejo próximo ao fim do ciclo.

  • Gestão de Resistência: São ferramentas essenciais para rotacionar com químicos, pois possuem mecanismos de ação complexos que dificultam a seleção de pragas resistentes.

Importante Saber

  • Condições Ambientais são Críticas: Como são organismos vivos, sua eficácia depende do clima. A maioria dos fungos exige alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas para germinar e infectar o inseto. Evite aplicar nas horas mais quentes do dia.

  • Cuidados na Aplicação: A radiação ultravioleta (UV) é letal para muitos microrganismos. Recomenda-se a aplicação no final da tarde ou à noite. Além disso, a limpeza do tanque é fundamental para evitar resíduos de fungicidas ou bactericidas que podem matar o produto biológico antes de ele chegar à praga.

  • Tempo de Ação: O controle não é imediato (efeito de choque). O inseto pode levar de alguns dias a uma semana para morrer após a infecção, embora pare de se alimentar pouco tempo após o contato com o patógeno. O monitoramento deve ser constante.

  • Armazenamento e Transporte: Produtos à base de entomopatógenos exigem cuidados especiais de armazenamento, muitas vezes necessitando de refrigeração ou proteção contra calor excessivo para manter a viabilidade dos esporos ou cristais proteicos.

  • Compatibilidade de Calda: É crucial verificar a compatibilidade se for misturar com outros defensivos. Fungicidas químicos, por exemplo, podem inativar completamente produtos biológicos à base de fungos se misturados na mesma calda.

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