Artigos sobre Enxertia em Citros

O que é Enxertia Em Citros

A enxertia em citros é a principal técnica de propagação vegetativa utilizada na citricultura comercial brasileira, consistindo na união de tecidos de duas plantas distintas para que se desenvolvam como um único indivíduo. Esse processo combina a copa (enxerto), responsável pela parte aérea e pela produção dos frutos da variedade desejada (como laranjas, limões ou tangerinas), e o porta-enxerto (cavalo), que constitui o sistema radicular e a base do tronco. No Brasil, o método mais comum é a borbulhia de gema ativa, frequentemente realizada através do corte em “T invertido”.

Historicamente, a introdução dessa técnica no início do século 20 revolucionou a produção nacional, substituindo o plantio via sementes (pés-francos). Enquanto as plantas de semente eram excessivamente vigorosas, espinhosas e tardias para iniciar a produção, a enxertia permitiu a padronização dos pomares, a antecipação da colheita (precocidade) e a redução do porte das árvores. Hoje, ela é a base tecnológica que sustenta a alta produtividade da citricultura brasileira, permitindo o cultivo em diferentes condições de solo e clima.

A realização da enxertia exige ambiente controlado e protegido, conforme a legislação vigente, para garantir a sanidade do material. A união bem-sucedida entre a copa e o porta-enxerto define não apenas a variedade comercial, mas também a capacidade da planta de absorver água e nutrientes, resistir a estresses ambientais e tolerar pragas e doenças, sendo uma etapa crítica para a longevidade do pomar, que pode durar de 15 a 20 anos.

Principais Características

• Dualidade da Planta: A muda enxertada é composta por dois genótipos diferentes: a copa, que define a qualidade e tipo do fruto, e o porta-enxerto, que atua como o “chassi”, conferindo suporte e adaptação ao solo.

• Método de Borbulhia: A técnica predominante envolve a inserção de uma gema (borbulha) de uma planta matriz certificada sob a casca do porta-enxerto, geralmente utilizando o corte em “T invertido” para facilitar a cicatrização e o pegamento.

• Controle de Vigor: A enxertia permite manipular o tamanho da planta adulta. O uso de porta-enxertos ananicantes (como o Trifoliata Flying Dragon) gera plantas menores, facilitando a colheita e permitindo o adensamento de plantio.

• Uniformidade Genética: Ao contrário da reprodução por sementes, a enxertia garante que todas as plantas do pomar tenham as mesmas características genéticas da planta mãe, assegurando homogeneidade na produção.

• Ambiente Protegido: Todo o processo, desde a semeadura do porta-enxerto até a enxertia e finalização da muda, deve ocorrer em viveiros telados à prova de insetos vetores, garantindo a isenção de doenças como o HLB (Greening).

Importante Saber

• Influência na Resistência: A escolha do porta-enxerto durante a enxertia é determinante para a defesa da planta contra fatores bióticos (doenças como gomose e tristeza) e abióticos (seca, salinidade e geada).

• Exigências Legais: A produção de mudas enxertadas no Brasil é rigorosamente fiscalizada. É obrigatório o registro no RENASEM e o cumprimento de normas estaduais e federais (como a IN 48 do Mapa) para evitar a disseminação de patógenos.

• Compatibilidade: Nem todas as variedades de copa são compatíveis com todos os porta-enxertos. A incompatibilidade pode gerar anelamento no ponto de enxertia, baixo vigor e morte prematura da planta.

• Planejamento de Longo Prazo: Como a decisão da combinação enxerto/porta-enxerto é tomada antes do plantio e a cultura é perene, erros nessa etapa são difíceis de corrigir e impactam a rentabilidade por décadas.

• Certificação de Origem: Para garantir o sucesso da enxertia, é fundamental que as borbulhas venham de borbulheiras certificadas e livres de vírus, bactérias e nematoides, assegurando a sanidade desde o início.