Artigos sobre Epoca de Plantar Feijao no Sul

O que é Epoca De Plantar Feijao No Sul

A definição da época de plantar feijão na região Sul do Brasil refere-se às janelas de semeadura agronomicamente recomendadas para os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Diferente de outras regiões do país, o Sul apresenta características climáticas temperadas e subtropicais que impõem restrições térmicas severas, exigindo um planejamento rigoroso baseado no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). O objetivo principal é sincronizar o ciclo da cultura para evitar geadas tardias na emergência ou geadas precoces no enchimento de grãos, além de fugir de excessos hídricos na colheita.

Nesta região, o cultivo do feijão (Phaseolus vulgaris) é tradicionalmente dividido em duas safras principais, com possibilidade de uma terceira em áreas irrigadas específicas. A “Primeira Safra” (ou Safra das Águas) ocorre geralmente entre o final de agosto e dezembro, variando conforme a altitude e o estado. Já a “Segunda Safra” (ou Safra da Seca/Safrinha) é implantada entre janeiro e fevereiro. O respeito a essas datas é crucial para a viabilidade econômica da lavoura, pois o feijão é uma planta C3 extremamente sensível a extremos de temperatura e déficit hídrico.

Para o produtor sulista, acertar a época de plantio não é apenas uma questão de calendário, mas de gestão de risco. O plantio fora da época recomendada pode resultar em perdas totais por congelamento de tecidos vegetais ou abortamento floral devido ao frio, além de predispor a cultura a doenças fúngicas favorecidas pela alta umidade e temperaturas amenas típicas da região. Portanto, a época de plantio é o primeiro e mais importante passo do manejo cultural no Sul.

Principais Características

• Divisão em Safras: O calendário é segmentado majoritariamente em 1ª Safra (primavera/verão) e 2ª Safra (verão/outono), permitindo o aproveitamento da terra em sucessão a culturas de inverno como trigo ou aveia.
• Influência da Altitude: Em regiões mais altas e frias (como o Planalto Serrano em SC ou o Sul do PR), a janela de plantio da 1ª safra começa mais tarde para fugir das últimas geadas, enquanto a 2ª safra deve ser plantada mais cedo para evitar o frio do outono.
• Sensibilidade Térmica: O feijoeiro exige temperaturas do solo acima de 15°C para uma germinação uniforme; plantios muito precoces no Sul (agosto) podem enfrentar solos frios, resultando em emergência lenta e desuniforme.
• Risco de Geadas: É o principal fator limitante. A cultura não tolera geadas em nenhuma fase, sendo crítica a escolha da data para que o ciclo não coincida com massas de ar polar.
• Variedade de Ciclos: A escolha da cultivar (ciclo precoce, médio ou tardio) deve ser ajustada à data de plantio. Em plantios mais tardios na 2ª safra, opta-se por materiais de ciclo superprecoce para “escapar” do frio.

Importante Saber

• Consulta ao ZARC: Antes de iniciar o plantio, é indispensável consultar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático específico para o município e tipo de solo, pois isso condiciona o acesso ao crédito rural e ao seguro agrícola (Proagro).
• Monitoramento de Doenças: O clima úmido do Sul favorece doenças como a Antracnose e o Mofo Branco; épocas de plantio que coincidem o florescimento com períodos chuvosos e frios aumentam drasticamente a pressão desses patógenos.
• Colheita na 1ª Safra: Um dos maiores desafios da época das águas é a colheita, que frequentemente coincide com chuvas de verão, podendo causar germinação do grão na vagem e perda de qualidade comercial.
• Rotação de Culturas: A época de plantio do feijão deve ser planejada considerando o sistema produtivo como um todo, garantindo que a colheita não atrase a implantação da cultura de inverno subsequente ou do milho safrinha.
• Temperatura do Solo: Em anos de inverno prolongado, recomenda-se monitorar a temperatura do solo antes da semeadura da 1ª safra; se estiver abaixo de 12°C, é preferível aguardar, mesmo que a janela do ZARC já esteja aberta.
• Manejo de Plantas Daninhas: O plantio “no pó” ou em condições de estresse hídrico na 2ª safra pode comprometer a eficácia dos herbicidas pré-emergentes, exigindo atenção redobrada no manejo.