O que é Erva Daninha Caruru
O termo “Caruru” refere-se a um complexo de espécies de plantas daninhas pertencentes ao gênero Amaranthus, amplamente disseminadas na agricultura brasileira. Entre as espécies mais comuns e problemáticas no Brasil estão o Amaranthus viridis, Amaranthus hybridus, Amaranthus retroflexus e, mais recentemente e de forma alarmante, o Amaranthus palmeri. Estas plantas são invasoras agressivas, especialmente em culturas de verão como soja, milho e algodão, competindo vigorosamente por recursos essenciais como água, luz e nutrientes.
No contexto agronômico, o Caruru destaca-se por ser uma planta de metabolismo C4, o que lhe confere alta eficiência fotossintética em condições de altas temperaturas e luminosidade, típicas das regiões produtoras do Brasil. Essa característica permite um crescimento extremamente rápido, muitas vezes superando a taxa de desenvolvimento da cultura comercial instalada. Além da competição direta, algumas espécies de Caruru podem apresentar efeitos alelopáticos, liberando substâncias no solo que inibem a germinação e o crescimento de outras plantas.
A importância do manejo correto do Caruru aumentou drasticamente nos últimos anos devido aos casos de resistência a herbicidas. Populações de Amaranthus têm demonstrado resistência a diferentes mecanismos de ação, como os inibidores da EPSPs (glifosato) e inibidores da ALS. A presença do Amaranthus palmeri, em particular, exige atenção redobrada, pois possui uma capacidade de crescimento e produção de sementes superior às espécies nativas, podendo causar perdas totais na lavoura se não controlada em estágios iniciais.
Principais Características
- Alta Prolificidade: Uma única planta de Caruru pode produzir centenas de milhares de sementes (algumas espécies chegam a produzir mais de 500 mil), garantindo a reposição do banco de sementes no solo por longos períodos.
- Ciclo Rápido e Agressivo: Apresenta um desenvolvimento vegetativo veloz, capaz de sombrear a cultura principal em poucas semanas após a emergência, dificultando o controle tardio.
- Morfologia Variável: Geralmente possui caule ereto, que pode apresentar pigmentação avermelhada ou verde, e folhas largas de formato ovalado ou romboidal. As inflorescências ocorrem em espigas terminais ou axilares.
- Germinação Escalonada: As sementes possuem dormência variável, o que resulta em fluxos de emergência contínuos ao longo da safra, exigindo monitoramento constante e uso de herbicidas com efeito residual.
- Resistência Genética: O gênero possui alta variabilidade genética, o que facilita a seleção de biótipos resistentes a herbicidas quando o manejo químico não é rotacionado adequadamente.
Importante Saber
- Identificação Correta é Crucial: Diferenciar as espécies é vital, especialmente para identificar o Amaranthus palmeri. Uma característica prática do A. palmeri é que o pecíolo (a haste da folha) é geralmente mais longo que a própria folha, e a planta pode apresentar um “pelo” (mucrão) na ponta da folha.
- Manejo de Resistência: Devido à resistência frequente ao glifosato e inibidores da ALS, é fundamental rotacionar mecanismos de ação e utilizar herbicidas pré-emergentes para controlar o banco de sementes antes que a cultura se estabeleça.
- Controle Cultural: O uso de cobertura de solo (palhada) no sistema de Plantio Direto é uma ferramenta eficiente, pois as sementes de Caruru necessitam de luz para germinar (fotoblastismo positivo). Uma boa cobertura suprime significativamente a emergência.
- Limpeza de Maquinário: A disseminação do Caruru, especialmente de novas espécies resistentes, ocorre frequentemente através de colheitadeiras sujas. A higienização rigorosa das máquinas ao mudar de talhão é uma medida preventiva indispensável.
- Estágio de Controle: O controle químico deve ser realizado preferencialmente quando as plantas são pequenas (até 4 folhas). Após esse estágio, a rusticidade da planta aumenta, e a eficácia dos herbicidas cai drasticamente, muitas vezes exigindo capina manual para evitar a produção de sementes (“reboleiras”).