Mofo-Branco: O Guia Completo para Identificar e Controlar na Sua Lavoura
Mofo-branco: Características da doença, desenvolvimento e as principais formas de manejo para evitar prejuízos na sua lavoura.
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Os escleródios são estruturas de resistência e sobrevivência produzidas por diversos fungos fitopatogênicos, sendo o exemplo mais crítico na agricultura brasileira o Sclerotinia sclerotiorum, causador do mofo-branco. Biologicamente, eles consistem em uma massa compacta de micélio (o corpo vegetativo do fungo) que se aglomera, endurece e adquire uma coloração escura devido à deposição de melanina em sua camada externa. Essa estrutura funciona de maneira análoga a uma semente para as plantas, permitindo que o patógeno permaneça em estado de dormência no solo durante a entressafra ou em períodos de condições climáticas adversas.
No contexto do agronegócio, a presença de escleródios representa um dos maiores desafios fitossanitários para culturas como soja, feijão, algodão e girassol. Eles são formados geralmente no final do ciclo da doença, quando os nutrientes da planta hospedeira se esgotam. Uma vez depositados no solo, esses propágulos possuem uma longevidade impressionante, podendo permanecer viáveis por períodos que variam de 5 a 10 anos, aguardando condições ideais de umidade e temperatura para germinar e iniciar um novo ciclo de infecção.
A importância prática de entender o que são os escleródios reside no fato de que eles constituem a fonte de inóculo primário para epidemias futuras. Ou seja, a doença que aparece na safra atual muitas vezes é resultado das estruturas de resistência deixadas em safras passadas. Portanto, o manejo dessas estruturas não visa apenas a proteção imediata da lavoura, mas a redução do “banco de escleródios” no solo a longo prazo, exigindo estratégias integradas que vão além da aplicação foliar de fungicidas.
Morfologia e Aparência: Apresentam-se como corpos rígidos, de formato irregular e coloração externa preta (devido à melanina, que confere proteção contra raios UV e degradação microbiana). O interior é composto por uma massa branca de hifas compactadas.
Variabilidade de Tamanho: Podem variar de poucos milímetros a alguns centímetros, assemelhando-se visualmente a fezes de ratos ou pequenas sementes escuras, o que facilita sua mistura acidental com sementes colhidas.
Longevidade no Solo: São extremamente resistentes e podem sobreviver no solo por até uma década sem um hospedeiro, mantendo sua capacidade infectiva ativa para safras futuras.
Tipos de Germinação: Podem germinar de forma micelogênica (produzindo hifas que infectam diretamente a base da planta, comum em girassol) ou carpogênica (produzindo apotécios que liberam esporos no ar, principal forma de infecção em soja e feijão).
Formação: Ocorrem tanto na superfície das plantas infectadas quanto no interior das hastes e vagens, caindo ao solo durante a colheita ou decomposição da planta.
Disseminação por Máquinas: A limpeza de colheitadeiras e implementos é crucial, pois os escleródios podem ficar retidos nas máquinas e serem transportados de talhões infestados para áreas isentas, expandindo a contaminação na propriedade.
Contaminação de Sementes: O uso de sementes certificadas e tratadas é a primeira linha de defesa, visto que escleródios podem vir misturados aos lotes de sementes (impurezas) ou o fungo pode estar dormente no interior delas.
Rotação de Culturas: O fungo S. sclerotiorum não ataca gramíneas (como milho, trigo e braquiária). A rotação com essas culturas é essencial para estimular a germinação dos escleródios sem a presença de um hospedeiro, reduzindo o banco de inóculo no solo.
Controle Biológico: O uso de fungos antagonistas, como espécies de Trichoderma, é uma estratégia eficaz aplicada ao solo, pois esses agentes biológicos parasitam e degradam os escleródios, inviabilizando sua germinação.
Cobertura do Solo: A palhada de gramíneas (plantio direto) pode formar uma barreira física que dificulta a liberação dos esporos (ascósporos) formados pela germinação carpogênica dos escleródios, auxiliando no manejo da doença.
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