O que é Especies De Percevejos

O termo “espécies de percevejos” no contexto agronômico refere-se à diversidade de insetos da ordem Hemiptera que habitam os agroecossistemas brasileiros, sendo classificados principalmente por seus hábitos alimentares. Embora existam percevejos predadores (benéficos) e hematófagos, o foco principal para o produtor rural recai sobre os percevejos fitófagos. Estes são pragas agrícolas dotadas de um aparelho bucal sugador em forma de estilete, capaz de perfurar tecidos vegetais para extrair seiva e nutrientes, causando prejuízos significativos em culturas de grande importância econômica, como soja, milho e algodão.

No Brasil, a identificação correta das espécies é crucial para o manejo, pois diferentes percevejos possuem comportamentos, ciclos de vida e potenciais de dano distintos. As espécies mais relevantes pertencem majoritariamente à família Pentatomidae (sugadores de grãos e partes aéreas) e à família Cydnidae (sugadores de raízes). Entre os pentatomídeos, destacam-se o percevejo-marrom (Euschistus heros), o percevejo-verde (Nezara viridula) e o percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.). Já entre os cydnídeos, o percevejo-castanho (Scaptocoris spp.) é uma praga de solo de difícil controle, comum em áreas de plantio direto.

A compreensão sobre as diferentes espécies de percevejos vai além da taxonomia; envolve entender a dinâmica populacional e a capacidade de adaptação desses insetos. Muitos são polífagos, ou seja, alimentam-se de diversas plantas hospedeiras, o que lhes permite migrar entre culturas e plantas daninhas, sobrevivendo durante todo o ano agrícola. O reconhecimento visual das fases de desenvolvimento (ovo, ninfa e adulto) de cada espécie é a base para a tomada de decisão no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Principais Características

  • Aparelho Bucal Sugador: Todos os percevejos fitófagos possuem um estilete que funciona como um “canudo”, permitindo a injeção de saliva (que facilita a digestão externa) e a sucção dos nutrientes internos da planta, atingindo vasos condutores e grãos.
  • Morfologia Pentatomidae: A maioria das espécies que atacam a parte aérea possui corpo com formato de escudo ou triangular na parte superior (scutellum), antenas com cinco segmentos e tamanho médio em torno de 7 mm na fase adulta.
  • Ciclo de Vida Hemimetábolo: O desenvolvimento ocorre em três fases distintas: ovo, ninfa (com vários ínstares) e adulto. As ninfas assemelham-se aos adultos, mas não possuem asas funcionais e órgãos reprodutivos desenvolvidos.
  • Comportamento Gregário das Ninfas: Em muitas espécies, as ninfas recém-eclodidas tendem a se alimentar em grupos para potencializar a ação da saliva nos tecidos vegetais, dispersando-se pela lavoura apenas a partir do terceiro ínstar.
  • Alta Mobilidade e Dispersão: Os adultos possuem grande capacidade de voo e dispersão, o que facilita a colonização de novas áreas e a migração entre talhões ou culturas vizinhas em diferentes estágios fenológicos.

Importante Saber

  • Danos Diretos e Indiretos: Além de reduzir a produtividade e a qualidade dos grãos ao sugar seu conteúdo (dano direto), os percevejos são vetores de doenças e abrem portas para patógenos, como fungos e bactérias, causarem podridões e manchas nos grãos (dano indireto).
  • Identificação Específica: Diferenciar as espécies é vital. Por exemplo, o percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.) é crítico no início do desenvolvimento do milho, enquanto o percevejo-marrom (Euschistus heros) é a espécie predominante e mais preocupante na fase reprodutiva da soja.
  • Pragas de Solo: O percevejo-castanho (Scaptocoris spp.) exige atenção diferenciada, pois ataca as raízes e seu controle é complexo devido à sua localização subterrânea, sendo favorecido em solos arenosos e sistemas de plantio direto consolidados.
  • Monitoramento Constante: A contagem deve considerar tanto ninfas (a partir do 3º ínstar) quanto adultos. O pano de batida é a ferramenta padrão para monitorar espécies da parte aérea, permitindo avaliar se a população atingiu o nível de controle.
  • Ponte Verde: A capacidade desses insetos de sobreviverem em plantas daninhas e culturas de cobertura (ponte verde) exige que o manejo considere não apenas a cultura principal, mas todo o sistema produtivo e o manejo de entressafra.
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