O que é Estadio Fenologia Milho
Os estádios fenológicos do milho referem-se à padronização das fases de desenvolvimento da planta, desde a emergência até a maturação fisiológica. No agronegócio brasileiro, a escala mais utilizada é a de Ritchie & Hanway, que divide o ciclo da cultura em duas grandes etapas: a fase vegetativa (identificada pela letra V) e a fase reprodutiva (identificada pela letra R). Compreender essa evolução é fundamental para o manejo agronômico, pois as necessidades nutricionais, hídricas e a suscetibilidade a pragas e doenças variam drasticamente conforme a idade fisiológica da planta.
A identificação correta de cada estádio permite ao produtor e ao agrônomo tomar decisões assertivas sobre o momento exato de realizar práticas culturais. Por exemplo, a aplicação de nitrogênio em cobertura, o controle de plantas daninhas e a aplicação de fungicidas dependem diretamente da contagem de folhas ou do desenvolvimento da espiga. Erros na identificação fenológica podem levar à aplicação de insumos fora da janela ideal, resultando em desperdício de recursos e queda no potencial produtivo da lavoura.
No contexto tropical do Brasil, onde o milho é cultivado tanto na safra de verão quanto na “safrinha” (segunda safra), a duração de cada estádio fenológico é fortemente influenciada pela temperatura e fotoperíodo. O conceito de Graus-Dia (GDD) é intrínseco à fenologia, visto que o acúmulo térmico dita a velocidade com que a planta transita entre os estádios V e R. Portanto, o conhecimento fenológico não é apenas teórico, mas uma ferramenta prática de planejamento de colheita e gestão de riscos climáticos.
Principais Características
- Divisão Vegetativa (V): A fase vegetativa é contada pelo número de folhas com a lígula (colar) visível. Inicia-se em VE (emergência), passa por V1 (primeira folha), V2, e segue numericamente até o pendoamento (VT). É nesta fase que a planta define sua arquitetura e potencial produtivo inicial.
- Divisão Reprodutiva (R): Após o pendoamento, inicia-se a fase reprodutiva, focada no desenvolvimento do grão. Os estádios são: R1 (embonecamento/polinização), R2 (grão bolha d’água), R3 (grão leitoso), R4 (grão pastoso), R5 (grão dentado) e R6 (maturidade fisiológica).
- Ponto de Crescimento: Até o estádio V6, o ponto de crescimento da planta permanece abaixo da superfície do solo. Isso é uma característica crucial de resistência, permitindo que a planta se recupere de geadas leves ou granizo que afetem apenas a parte aérea inicial.
- Definição de Componentes de Rendimento: O número de fileiras de grãos na espiga é determinado aproximadamente entre V7 e V10, enquanto o número de grãos por fileira é definido mais tarde, próximo a V15-V17. O peso do grão é definido durante o enchimento (R1 a R5).
- Influência Térmica: A fenologia do milho não segue dias de calendário fixos, mas sim o acúmulo de unidades de calor. Híbridos diferentes possuem exigências térmicas distintas para atingir cada estádio, o que explica a variação de ciclo entre regiões do Brasil.
Importante Saber
- Janela de Adubação Nitrogenada: A maior demanda de nitrogênio ocorre na fase de rápido crescimento vegetativo. A aplicação de cobertura é geralmente recomendada entre V4 e V8, momento em que a planta está definindo o tamanho da espiga e o número de óvulos.
- Período Crítico de Interferência (PCIP): O controle de plantas daninhas deve ser rigoroso nos estádios iniciais (V1 a V6). A competição por luz, água e nutrientes nessa fase pode causar perdas irreversíveis de produtividade, pois a planta “lê” o ambiente e ajusta seu potencial para baixo.
- Sensibilidade ao Estresse Hídrico: O momento mais crítico da cultura é o estádio R1 (florescimento e polinização). A falta de água nesta fase pode causar o abortamento de grãos e falhas na polinização, resultando em perdas de rendimento que podem superar 50%.
- Monitoramento de Pragas: Pragas como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) atacam preferencialmente o cartucho durante a fase vegetativa. Já a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) e percevejos exigem monitoramento intensificado na transição para a fase reprodutiva.
- Maturidade Fisiológica vs. Colheita: O estádio R6 (camada negra) indica que o grão parou de receber nutrientes da planta e atingiu o máximo de matéria seca. No entanto, a colheita só ocorre quando a umidade do grão baixa para níveis adequados (geralmente entre 18% e 22% para colheita mecânica), exigindo monitoramento pós-maturidade.