Artigos sobre Fase Fenologica da Soja

O que é Fase Fenologica Da Soja

A fase fenológica da soja é o sistema padronizado utilizado para identificar e descrever os diferentes estágios de desenvolvimento da planta ao longo do seu ciclo de vida. Na agronomia, compreender a fenologia é fundamental, pois ela serve como um “relógio biológico” que orienta todas as tomadas de decisão no campo. O método mais utilizado mundialmente e no Brasil é a escala de Fehr e Caviness (1977), que divide o ciclo da cultura em duas grandes fases: a Vegetativa (representada pela letra V) e a Reprodutiva (representada pela letra R).

No contexto do agronegócio brasileiro, onde as janelas de plantio e colheita são estreitas e o clima tropical acelera o metabolismo das plantas, o monitoramento preciso dessas fases é vital. A identificação correta permite ao produtor e ao agrônomo sincronizar as práticas de manejo — como a aplicação de herbicidas, fungicidas, inseticidas e adubação de cobertura — com o momento fisiológico exato em que a planta mais necessita ou é mais tolerante a determinados insumos.

Além disso, o conhecimento fenológico é essencial para o posicionamento de cultivares. Como a soja é uma planta sensível ao fotoperíodo (horas de luz), a duração de cada fase pode variar significativamente dependendo da latitude, da época de semeadura e do Grupo de Maturação Relativa (GMR) da cultivar escolhida. Portanto, dominar a fenologia não é apenas uma questão teórica, mas uma ferramenta prática de gestão para maximizar o potencial produtivo e minimizar perdas por estresses bióticos e abióticos.

Principais Características

• Divisão Binária do Ciclo: O desenvolvimento é segmentado em estágios Vegetativos (V), que vão da emergência até o florescimento, e Reprodutivos (R), que iniciam na primeira flor aberta e seguem até a maturação plena dos grãos.
• Critério de Folhas Trifolioladas: Nos estágios vegetativos (V1, V2, Vn), a contagem é baseada no número de nós na haste principal que possuem folhas trifolioladas completamente desenvolvidas (bordas dos folíolos não se tocam).
• Definição de Estágios Reprodutivos: A fase reprodutiva é detalhada em subfases críticas: R1 e R2 (florescimento), R3 e R4 (formação de vagens), R5 e R6 (enchimento de grãos) e R7 e R8 (maturação fisiológica e de colheita).
• Hábito de Crescimento Indeterminado: A maioria das cultivares modernas no Brasil possui crescimento indeterminado, o que significa que a planta continua a crescer vegetativamente e a produzir novos nós mesmo após ter entrado no estágio reprodutivo (florescimento), gerando uma sobreposição de fases.
• Plasticidade Fenotípica: A soja possui alta capacidade de adaptação e compensação; por exemplo, se ocorrer perda de flores ou vagens em estágios iniciais (R1-R3), a planta pode emitir novas estruturas reprodutivas se as condições ambientais melhorarem.

Importante Saber

• Janela de Aplicação de Defensivos: Muitos herbicidas, especialmente os hormonais como o dicamba ou 2,4-D, possuem restrições de aplicação baseadas no estádio fenológico (geralmente permitidos apenas nos estágios vegetativos iniciais) para evitar fitotoxidez severa e perda de produtividade.
• Período Crítico de Definição de Produtividade: O intervalo entre R3 (início da formação de vagens) e R6 (máximo enchimento de grãos) é o momento mais sensível da cultura. Estresses hídricos ou ataques severos de pragas e doenças nesta fase resultam nas maiores perdas de rendimento.
• Manejo de Pragas e Doenças: A identificação da fase orienta o controle. Por exemplo, percevejos causam danos diretos aos grãos e devem ser monitorados rigorosamente a partir da formação das vagens, enquanto lagartas desfolhadoras podem exigir controle desde os estágios vegetativos.
• Maturação Fisiológica (R7): É o ponto onde cessa o acúmulo de matéria seca no grão. Embora a planta ainda possa ter folhas verdes ou hastes úmidas, o grão já atingiu seu peso máximo, sendo o momento ideal para planejar a dessecação pré-colheita, se necessário.
• Identificação em Campo: Para determinar que uma lavoura atingiu um certo estágio (ex: R1), considera-se que 50% ou mais das plantas do talhão apresentem as características daquela fase.