Artigos sobre Fases da Germinacao

O que é Fases Da Germinacao

As fases da germinação compreendem a sequência de eventos fisiológicos e metabólicos que transformam uma semente em repouso (quiescente) em uma plântula ativa e em desenvolvimento. No contexto agronômico, especialmente em culturas de grande importância no Brasil como a soja, o milho e o feijão, o entendimento dessas etapas é fundamental para garantir o estabelecimento de um estande de plantas uniforme e vigoroso. O processo se inicia com a absorção de água pela semente e culmina com a emergência da plântula acima da superfície do solo, momento em que ela começa a se preparar para realizar fotossíntese.

Do ponto de vista técnico, a germinação é frequentemente dividida em três fases principais: a embebição (rápida absorção de água), a fase de ativação metabólica (onde ocorrem reparos celulares e mobilização de reservas) e a fase de crescimento do eixo embrionário (visível pela protrusão da radícula). Para o produtor rural, o sucesso dessas fases determina o potencial produtivo da lavoura, pois falhas ou atrasos na germinação resultam em plantas dominadas, menor aproveitamento de recursos e janelas de suscetibilidade a pragas e doenças de solo ampliadas.

Principais Características

• Embebição (Fase I): É o processo físico de absorção de água pela semente, dependente do potencial hídrico do solo. O aumento de volume da semente pode chegar a 50% ou mais, sendo o gatilho inicial para reativar o metabolismo adormecido.
• Ativação Enzimática e Metabólica (Fase II): Nesta etapa, a respiração celular aumenta drasticamente. Enzimas são ativadas para quebrar as reservas nutricionais armazenadas nos cotilédones (em dicotiledôneas como a soja) ou no endosperma, convertendo-as em energia para o embrião.
• Protrusão da Radícula (Fase III): É a emissão da raiz primária, que rompe o tegumento da semente. Este é o primeiro sinal visual de germinação biológica e marca o início da fixação da planta no solo para absorção de água e nutrientes.
• Elongação do Hipocótilo: Em espécies de germinação epígea (como a soja), o hipocótilo cresce em direção à superfície, arrastando os cotilédones para fora do solo. Esta característica é crucial para a definição do estádio de emergência (VE).
• Dependência das Reservas: Durante todas as fases da germinação até a expansão das primeiras folhas verdadeiras, a planta é heterotrófica, ou seja, depende exclusivamente da energia acumulada na semente, não realizando fotossíntese.

Importante Saber

• Influência da Temperatura e Umidade: A velocidade e a taxa de germinação são diretamente afetadas pelo clima. Solos frios ou secos podem prolongar as fases iniciais, deixando a semente exposta por mais tempo a patógenos do solo.
• Profundidade de Semeadura: O posicionamento da semente deve respeitar a capacidade de elongação do hipocótilo. Semeaduras muito profundas exigem mais energia das reservas para a emergência, podendo resultar em plântulas fracas ou morte antes da emergência.
• Vigor da Semente: Sementes de alto vigor atravessam as fases da germinação (especialmente a Fase II e III) mais rapidamente, resultando em uma emergência mais uniforme e maior tolerância a estresses iniciais.
• Proteção Fitossanitária: Como os tecidos são tenros e ricos em reservas, as fases da germinação são o momento crítico para o ataque de fungos (tombamento/damping-off) e pragas de solo (como lagarta-elasmo e coró). O tratamento de sementes é uma ferramenta essencial nesta etapa.
• Diferença entre Germinação e Emergência: Agronomicamente, é vital distinguir que uma semente pode germinar (emitir radícula) mas não emergir (romper o solo), devido a impedimentos físicos como o encrostamento superficial do solo ou ataque severo de pragas.
• Transição para Autotrofia: O fim do processo de germinação e o início do desenvolvimento vegetativo (estádio VC na soja) marcam a transição crítica onde a planta precisa ter folhas funcionais para fotossíntese antes que as reservas dos cotilédones se esgotem.