O que é Fases Fenologicas Da Soja

As fases fenológicas da soja referem-se à padronização dos estádios de desenvolvimento da cultura, desde a emergência da plântula até a maturação fisiológica e colheita. No Brasil, a escala mais utilizada é a de Fehr e Caviness, que divide o ciclo de vida da planta em dois grandes períodos: Vegetativo (representado pela letra V) e Reprodutivo (representado pela letra R). Compreender essa cronologia biológica é fundamental para o sucesso da lavoura, pois as necessidades nutricionais, hídricas e a suscetibilidade a pragas e doenças variam drasticamente conforme o estádio em que a planta se encontra.

Diferente de uma contagem baseada apenas em dias de calendário (Dias Após o Plantio - DAP), a fenologia baseia-se na observação morfológica da planta. Isso é crucial no cenário agrícola brasileiro, onde a diversidade de cultivares, épocas de semeadura e variações climáticas regionais fazem com que o tempo cronológico nem sempre coincida com o tempo fisiológico. Por exemplo, uma mesma cultivar pode florescer mais cedo ou mais tarde dependendo do fotoperíodo e da temperatura da região onde foi plantada.

O domínio sobre as fases fenológicas permite ao agrônomo e ao produtor rural planejar o manejo com precisão cirúrgica. A aplicação de herbicidas, fungicidas, inseticidas e adubação de cobertura deve ser sincronizada com esses estádios para maximizar a eficiência dos insumos e proteger o potencial produtivo. Erros na identificação da fase podem resultar em fitotoxicidade, baixa eficiência de controle de alvos biológicos ou perda de janelas ideais de manejo, impactando diretamente a rentabilidade final.

Principais Características

  • Divisão Binária do Ciclo: O ciclo é segmentado em V (Vegetativo), que vai da emergência (VE) até o florescimento, e R (Reprodutivo), que se inicia na primeira flor aberta (R1) e segue até a maturação plena (R8).

  • Contagem de Nós (Fase V): Nos estádios vegetativos (V1, V2, Vn), a determinação da fase é feita contando-se o número de nós na haste principal que possuem folhas trifolioladas completamente desenvolvidas (bordas dos folíolos não se tocam).

  • Desenvolvimento Reprodutivo (Fase R): Os estádios R são definidos por marcos fisiológicos específicos, como início do florescimento (R1), florescimento pleno (R2), início da formação da vagem (R3), vagem plena (R4), início do enchimento de grãos (R5) e grão cheio (R6).

  • Influência do Hábito de Crescimento: Em cultivares de crescimento indeterminado (muito comuns no Brasil), a planta continua a crescer vegetativamente e a produzir novos nós mesmo após entrar no estádio reprodutivo (florescimento), o que exige atenção redobrada no manejo.

  • Dependência Fotoperiódica: A mudança da fase vegetativa para a reprodutiva na soja é fortemente influenciada pelo fotoperíodo (comprimento da noite), sendo que dias mais curtos induzem o florescimento mais rapidamente.

Importante Saber

  • Período Crítico de Definição de Produtividade: O intervalo entre R3 (início da formação de vagens) e R6 (grão cheio) é o momento mais sensível da cultura. Estresses hídricos ou ataques severos de pragas e doenças nesta fase causam os maiores prejuízos irreversíveis à produtividade.

  • Manejo de Doenças: A aplicação preventiva de fungicidas é frequentemente recomendada próxima ao fechamento das entrelinhas ou no início do estádio reprodutivo (R1/R2), visando proteger o baixeiro da planta e as folhas que sustentarão o enchimento de grãos.

  • Identificação Correta em Campo: Para definir o estádio de uma lavoura, considera-se a fase em que se encontram 50% ou mais das plantas da área amostrada. A observação deve ser feita na haste principal, ignorando as ramificações laterais.

  • Maturidade Fisiológica (R7) vs. Colheita (R8): Em R7, a planta cessa o acúmulo de matéria seca nos grãos (máximo rendimento biológico), mas a colheita só ocorre em R8, quando a umidade do grão atinge níveis adequados para a colheita mecânica e armazenamento (geralmente entre 13% e 15%).

  • Plasticidade Fenotípica: A soja possui alta capacidade de compensação. Se ocorrer perda de plantas ou danos foliares nas fases iniciais (V), a cultura pode compensar emitindo mais ramos laterais, desde que as condições subsequentes sejam favoráveis.

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