Artigos sobre Fases Fenologicas do Milho

O que é Fases Fenologicas Do Milho

As fases fenológicas do milho referem-se à divisão sistemática do ciclo de vida da planta, desde a emergência até a maturação fisiológica. No agronegócio brasileiro, a compreensão dessas etapas é fundamental para o manejo agronômico de precisão, pois o desenvolvimento do milho não é regido apenas pelo tempo cronológico (dias), mas principalmente pelo acúmulo de unidades térmicas (graus-dia). A escala mais utilizada mundialmente e no Brasil é a de Ritchie, Hanway & Benson, que segmenta o ciclo em dois grandes estádios: Vegetativo (V) e Reprodutivo (R).

Identificar corretamente em qual fase a lavoura se encontra permite ao produtor e ao agrônomo tomar decisões assertivas sobre o momento exato de realizar práticas culturais. Aplicações de nitrogênio em cobertura, controle de plantas daninhas, manejo de pragas e irrigação dependem diretamente do estádio fenológico. Por exemplo, a definição do potencial produtivo da espiga ocorre muito cedo, ainda na fase vegetativa, o que exige nutrição adequada nesse período específico para garantir altas produtividades.

Além disso, o conhecimento da fenologia é crucial para o planejamento da colheita e para a mitigação de riscos climáticos, especialmente no cultivo do milho safrinha. Entender a duração de cada fase conforme o híbrido escolhido e a região de plantio ajuda a prever se a cultura passará por períodos críticos, como o florescimento ou enchimento de grãos, em épocas de seca ou risco de geada, permitindo um planejamento mais seguro da janela de plantio.

Principais Características

• Divisão do Ciclo: O ciclo é classificado em estádios Vegetativos (identificados pela letra V seguida do número de folhas, ex: V1, V2… VT) e Reprodutivos (identificados pela letra R, ex: R1, R2… R6).
• Identificação Vegetativa (V): A contagem das folhas deve considerar apenas aquelas com o “colarinho” (lígula) visível e totalmente expandido, e não apenas as pontas das folhas que surgem no cartucho.
• Ponto de Transição (VT): O estádio VT marca o pendoamento, que é a última etapa da fase vegetativa, quando o pendão (inflorescência masculina) está completamente visível e a planta atingiu sua altura máxima.
• Fases Reprodutivas (R): Iniciam-se com o R1 (embonecamento/polinização) e progridem através do desenvolvimento do grão: R2 (bolha), R3 (leitoso), R4 (pastoso), R5 (dente) até R6 (maturidade fisiológica).
• Dependência Térmica: A velocidade de mudança entre as fases varia conforme a temperatura ambiente; dias mais quentes aceleram o ciclo, enquanto dias frios o retardam, baseando-se no conceito de Graus-Dia Acumulados (GDA).

Importante Saber

• Definição de Produtividade (V3-V5): Entre os estádios V3 e V5, a planta define o número de fileiras de grãos por espiga. Estresses ou falta de nutrientes (especialmente Nitrogênio) nesta fase reduzem irreversivelmente o potencial produtivo.
• Período Crítico Hídrico: O momento mais sensível da cultura é o florescimento (R1). A falta de água duas semanas antes e duas semanas depois do pendoamento pode causar falhas na polinização e abortamento de grãos, resultando em perdas severas.
• Aplicação de Defensivos: Muitos herbicidas possuem restrições de aplicação baseadas no estádio fenológico (geralmente até V4 ou V6) para evitar fitotoxidez que comprometa a produtividade.
• Manejo de Pragas: O monitoramento deve ser ajustado à fenologia; por exemplo, a lagarta-do-cartucho é o foco principal nas fases vegetativas, enquanto percevejos e lagarta-da-espiga exigem atenção redobrada nas fases reprodutivas.
• Ponto de Colheita: A maturidade fisiológica (R6) é identificada pelo surgimento da “camada negra” (black layer) na base do grão, indicando que cessou a transferência de nutrientes da planta para o grão. A colheita mecânica, contudo, deve aguardar a perda de umidade ideal para evitar danos mecânicos e custos excessivos de secagem.