O que é feijão

O feijão (Phaseolus vulgaris) é uma leguminosa de ciclo anual e uma das culturas mais tradicionais e importantes do agronegócio brasileiro, desempenhando um papel fundamental tanto na segurança alimentar quanto na economia agrícola. O Brasil se destaca mundialmente como um dos maiores produtores e consumidores deste grão, que é cultivado em três safras distintas ao longo do ano (águas, seca e inverno/irrigado), permitindo uma oferta constante no mercado e uma dinâmica intensa de rotação de culturas.

Do ponto de vista agronômico, a cultura do feijão é caracterizada por um ciclo vegetativo curto e um sistema radicular menos agressivo se comparado a outras commodities como a soja e o milho. Essa característica torna a planta extremamente sensível à competição por recursos, especialmente água, luz e nutrientes. Devido ao seu porte baixo e fechamento de entrelinhas que pode ser mais lento dependendo da cultivar e espaçamento, o manejo fitossanitário exige precisão técnica elevada para evitar perdas significativas de produtividade.

No contexto do manejo de plantas daninhas, o feijão apresenta desafios específicos. A cultura possui um “período crítico de prevenção à interferência” (PCPI) bastante precoce. Segundo dados técnicos, a matocompetição (competição com plantas daninhas) pode ocasionar perdas de produtividade que chegam a 70% na cultura do feijão, um índice superior ao da soja (40%) e próximo ao do milho (80%), o que exige estratégias de controle químico e cultural rigorosas desde a pré-emergência.

Principais Características

  • Ciclo Curto e Dinâmico: A cultura possui um desenvolvimento rápido, o que exige tomadas de decisão ágeis; qualquer estresse ou falha de manejo nos estádios iniciais pode comprometer irreversivelmente o potencial produtivo, pois a planta tem pouco tempo para recuperação.

  • Alta Sensibilidade à Matocompetição: O feijão é pouco competitivo contra plantas daninhas vigorosas, sofrendo perdas severas de produtividade (até 70%) se o controle não for efetivo nas primeiras semanas após a emergência.

  • Seletividade a Herbicidas: Comparado à soja e ao milho, o feijão possui um leque mais restrito de herbicidas seletivos registrados, exigindo maior cuidado na escolha dos mecanismos de ação para evitar a fitotoxidez (dano à cultura).

  • Exigência de Solo e Clima: A cultura responde bem a solos corrigidos e com boa disponibilidade hídrica, sendo sensível tanto ao déficit hídrico quanto ao encharcamento, o que influencia a eficácia de herbicidas pré-emergentes.

  • Fixação Biológica de Nitrogênio: Assim como outras leguminosas, realiza simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, embora com eficiência variável, demandando muitas vezes suplementação nitrogenada para atingir altas produtividades.

Importante Saber

  • Manejo Pré-emergente: O uso de herbicidas pré-emergentes, como Pendimethalin e Trifluralin, é fundamental para segurar o banco de sementes, mas estes produtos geralmente exigem solo úmido ou incorporação mecânica para funcionarem adequadamente.

  • Risco de Carryover (Residual): Ao utilizar herbicidas pós-emergentes do grupo dos inibidores da PROTOX, como o Fomesafen, deve-se ter extrema cautela com o efeito residual (carryover) no solo, que pode prejudicar a cultura subsequente, especialmente se for o milho.

  • Controle de Folhas Largas: O controle de dicotiledôneas em pós-emergência é frequentemente realizado com Bentazon ou Fomesafen, mas a aplicação deve ocorrer no estádio correto das plantas daninhas para garantir eficácia sem causar danos severos ao feijão.

  • Rotação de Mecanismos de Ação: Devido à menor disponibilidade de moléculas, o produtor deve planejar a rotação de herbicidas para evitar a seleção de biótipos resistentes, integrando o controle químico com métodos culturais como o plantio direto e cobertura de solo.

  • Impacto Econômico da Falha: Erros no controle de plantas daninhas no feijão não resultam apenas em perda de produtividade, mas também aumentam o custo de produção e sujam a área para as safras seguintes, dificultando o manejo em sistemas de sucessão soja-milho-feijão.

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