O que é Feijao Gandu
O Feijão Gandu (Cajanus cajan), também conhecido como guandu ou andu, é uma leguminosa arbustiva semi-perene, amplamente utilizada no agronegócio brasileiro, não apenas para alimentação humana, mas principalmente como uma ferramenta estratégica de manejo do solo e nutrição animal. Originário da Índia e da África, ele se adaptou perfeitamente às condições climáticas tropicais e subtropicais do Brasil, destacando-se pela sua extrema rusticidade e resistência à seca.
No contexto dos sistemas de produção agrícola, o feijão gandu é valorizado como uma cultura de serviço ou adubação verde. Devido ao seu sistema radicular vigoroso e pivotante, ele atua como um “arado biológico”, capaz de romper camadas compactadas do solo e reciclar nutrientes lixiviados para as camadas mais profundas. Além disso, por ser uma leguminosa, possui a capacidade de realizar a fixação biológica de nitrogênio (FBN) em simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, enriquecendo o solo para as culturas subsequentes.
Embora existam variedades destinadas ao consumo humano (grãos verdes ou secos), no Brasil, seu uso em larga escala foca na recuperação de áreas degradadas, na formação de palhada para o Sistema de Plantio Direto e como banco de proteínas para a pecuária, especialmente em períodos de estiagem. Existem cultivares de porte alto (arbóreo) e porte baixo (anão), sendo este último o mais utilizado em áreas mecanizadas de grãos para facilitar o manejo e a dessecação.
Principais Características
- Sistema Radicular Agressivo: Possui uma raiz pivotante profunda que consegue penetrar camadas de solo compactado, melhorando a infiltração de água e a aeração, além de buscar água em profundidades que outras culturas não alcançam.
- Fixação de Nitrogênio: Apresenta alta eficiência na fixação biológica de nitrogênio atmosférico, podendo aportar quantidades significativas deste macronutriente ao sistema, reduzindo a necessidade de adubação nitrogenada na cultura comercial seguinte.
- Alta Produção de Biomassa: Gera um grande volume de massa verde e seca, o que é fundamental para a cobertura do solo (palhada), proteção contra erosão, manutenção da umidade e supressão de plantas daninhas.
- Resistência à Seca: É uma das leguminosas mais tolerantes ao estresse hídrico, conseguindo vegetar e produzir massa mesmo em condições de baixa pluviosidade, sendo ideal para a “safrinha” ou períodos de entressafra.
- Valor Nutricional: Para a pecuária, as folhas e vagens apresentam alto teor de proteína bruta, servindo como um excelente suplemento alimentar para bovinos durante o inverno ou períodos secos.
Importante Saber
- Manejo de Nematoides: O feijão gandu é resistente a alguns tipos de nematoides (como o Pratylenchus brachyurus), mas pode ser suscetível a outros, como o Meloidogyne javanica (nematoide-das-galhas). É crucial identificar a população de nematoides da área antes de inseri-lo na rotação de culturas.
- Escolha da Variedade: Para áreas de lavoura mecanizada, deve-se dar preferência ao Gandu Anão (cultivares como BRS Mandarim), que possui ciclo determinado e porte baixo, facilitando a entrada de máquinas para o manejo ou colheita. O Gandu Arbóreo é mais indicado para pastejo direto ou quebra-ventos.
- Dessecação e Manejo: Devido ao seu caule lenhoso, o controle químico (dessecação) do gandu pode ser desafiador se a planta estiver muito desenvolvida. Recomenda-se o manejo antes que o caule engrosse excessivamente para evitar problemas com o plantio da cultura sucessora.
- Época de Semeadura: Embora seja fotoperiódico (floresce em dias curtos), pode ser semeado em diversas épocas. No entanto, semeaduras tardias (outono) resultam em menor produção de biomassa devido ao florescimento precoce.
- Recuperação de Pastagens: É uma excelente opção para consórcio ou reforma de pastagens degradadas, pois aporta nitrogênio ao capim e descompacta o solo, aumentando a vida útil e a produtividade da pastagem.