Artigos sobre Feijão Guandu

O que é Feijão Guandu

O Feijão Guandu (Cajanus cajan) é uma leguminosa arbustiva e semiperene, pertencente à família das fabáceas, amplamente reconhecida no agronegócio brasileiro por sua extrema rusticidade e versatilidade. A planta se destaca pela capacidade de adaptação a solos de baixa fertilidade e pela alta tolerância à seca, sendo uma cultura estratégica para regiões tropicais, subtropicais e, notadamente, para o semiárido. Devido ao seu sistema radicular vigoroso, o guandu consegue explorar camadas mais profundas do solo em busca de água e nutrientes, o que lhe confere resistência em períodos de déficit hídrico onde outras culturas falhariam.

Além de seu uso na alimentação humana, o guandu desempenha um papel fundamental como ferramenta de manejo agronômico, atuando como adubo verde e recuperador de solos degradados. Através da simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, a planta realiza a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), convertendo o nitrogênio atmosférico em formas assimiláveis pelas plantas, o que enriquece o solo e reduz a dependência de fertilizantes químicos nitrogenados.

Na pecuária, a cultura é valorizada como uma fonte de proteína de baixo custo e alta qualidade para a alimentação animal. Pode ser fornecida na forma de pastejo direto, feno ou silagem, servindo como um “banco de proteína” essencial durante a entressafra ou períodos de seca, quando as pastagens convencionais perdem valor nutricional. Essa multifuncionalidade torna o feijão guandu um componente vital em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e na agricultura regenerativa.

Principais Características

• Fotoperiodismo e Ciclo: É uma planta de dias curtos, com ciclo variando de 90 a 180 dias; o plantio no início da primavera alonga a fase vegetativa, maximizando a produção de biomassa.

• Potencial de Fixação de Nitrogênio: Apresenta alta eficiência na FBN, podendo aportar ao solo entre 90 a 150 kg de nitrogênio por hectare, dependendo das condições edafoclimáticas.

• Produção de Biomassa: Em condições adequadas, a cultura pode produzir de 5 a 15 toneladas de matéria seca por hectare, contribuindo significativamente para o aporte de matéria orgânica.

• Baixa Relação C/N: Possui uma relação Carbono/Nitrogênio baixa, o que resulta em uma decomposição rápida da palhada e liberação acelerada de nutrientes para a cultura sucessora.

• Teor Proteico: As folhas e grãos apresentam elevados teores de proteína bruta, variando geralmente entre 15% e 20%, o que justifica seu uso na suplementação animal.

• Capacidade de Rebrote: Por ser semiperene, o guandu possui excelente capacidade de rebrote após o corte ou pastejo, permitindo múltiplos ciclos de aproveitamento se manejado corretamente.

Importante Saber

• Planejamento de Plantio: A época de semeadura define o objetivo da lavoura; plantios mais cedo geram mais massa verde (ideal para adubação e gado), enquanto plantios tardios induzem o florescimento precoce e menor porte.

• Manejo de Palhada: Devido à sua rápida decomposição, o guandu não deve ser utilizado isoladamente se o objetivo for a cobertura de solo (mulching) de longa duração; o ideal é consorciá-lo com gramíneas que possuem decomposição mais lenta.

• Exigências de Solo: Embora rústico, os melhores resultados produtivos e de fixação de nitrogênio ocorrem em solos com pH corrigido entre 5 e 6, sendo necessária a presença dos microrganismos específicos para a simbiose.

• Controle de Altura: Em sistemas de consórcio ou pastejo, é crucial monitorar a altura da planta para evitar o lenho excessivo do caule, o que dificulta o consumo pelos animais e o manejo mecanizado posterior.

• Sensibilidade a Geadas: Apesar de tolerar bem a seca e o calor, o feijão guandu é sensível a geadas fortes, o que pode limitar seu uso como cultura de inverno em regiões de clima temperado ou altitudes elevadas no sul do Brasil.