O que é Feijao Valor
O termo “Feijão Valor” refere-se à dinâmica de precificação e cotação de mercado da cultura do feijão no agronegócio brasileiro. Diferente de commodities como a soja e o milho, que possuem forte referência internacional e negociação em bolsas de valores globais, o valor do feijão é formado majoritariamente pelo mercado interno, respondendo de forma sensível e imediata à lei da oferta e da demanda local. No Brasil, essa precificação é complexa devido à existência de três safras anuais distintas (primeira, segunda e terceira safra), o que gera oscilações constantes nos preços ao longo do ano, dependendo do volume colhido e da qualidade dos grãos em cada ciclo.
A definição do valor da saca envolve a análise de diversos fatores, incluindo as condições climáticas nas principais praças produtoras (como Paraná, Minas Gerais, Goiás e Bahia), os custos de produção e o nível de estoques durante os períodos de entressafra. Para o produtor rural, entender o “Feijão Valor” significa acompanhar indicadores como a “bolsinha” de São Paulo — um mercado físico de referência — e as cotações regionais para identificar as janelas de comercialização mais lucrativas. Em 2025, por exemplo, o conceito abrange a análise de preços firmes no início do ano devido à oferta ajustada, diferenciando as cotações entre variedades como o Carioca e o Preto.
Principais Características
- Sazonalidade de Produção: O valor é diretamente influenciado pelo calendário das três safras brasileiras. A entrada da colheita da primeira safra (verão) ou a escassez durante a entressafra alteram drasticamente as cotações em curtos períodos.
- Diferenciação por Variedade: As cotações variam significativamente entre os tipos de grão. O Feijão Carioca, mais consumido internamente, tende a apresentar maior volatilidade e preços distintos (ex: R 350,00 a R 380,00/saca em jan/2025), enquanto o Feijão Preto costuma ter um comportamento de mercado mais estável.
- Influência Climática Imediata: Eventos como secas excessivas ou chuvas na colheita impactam a oferta instantânea e a qualidade do grão, refletindo-se rapidamente no preço pago ao produtor, como visto nos problemas de germinação em MG e SP ou excesso de chuvas no Sul.
- Referência da “Bolsinha”: O mercado físico de São Paulo, conhecido como “bolsinha”, atua como um termômetro central para a formação de preços no país, balizando as negociações entre produtores, cerealistas e empacotadores.
- Sensibilidade à Qualidade: O valor final da saca não é fixo apenas pelo volume; a qualidade visual e culinária do grão (cor, tamanho, integridade) é determinante para o ágio ou deságio no momento da venda.
Importante Saber
- Monitoramento da Entressafra: Os picos de valorização geralmente ocorrem nos períodos de entressafra, quando a oferta de produto fresco diminui e o mercado depende de estoques ou de lavouras irrigadas remanescentes. Identificar esses períodos é crucial para o planejamento de venda.
- Planejamento de Custos vs. Receita: Com a estabilidade da área plantada prevista para a safra 2024/25, o produtor deve calcular a margem de lucro considerando não apenas a alta do preço de venda, mas também a variação cambial que afeta o custo dos insumos.
- Dinâmica Regional: O preço do feijão não é uniforme em todo o território nacional. É fundamental acompanhar as cotações específicas da sua praça de comercialização, pois a logística e a oferta local (como a produção da Bahia equilibrando a quebra no Sul) alteram a realidade de preços regionalmente.
- Tendências de Mercado: Para 2025, a expectativa é de preços sustentados no primeiro trimestre, com possibilidade de recuo moderado no segundo semestre. O produtor deve estar atento a essas previsões para não reter o produto em momentos de queda de tendência.
- Impacto do Clima na Oferta: Acompanhar as previsões meteorológicas é parte da estratégia comercial. Problemas climáticos em grandes polos produtores reduzem a oferta nacional e tendem a elevar os preços, criando oportunidades para quem possui produto disponível e de qualidade.