O que é Fenologia Do Feijão

A fenologia do feijão é o estudo detalhado das fases de desenvolvimento da cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris), desde a germinação da semente até a maturação fisiológica e colheita dos grãos. No contexto agronômico brasileiro, compreender essa escala é fundamental, pois o feijão é uma planta de ciclo curto, geralmente variando entre 75 a 95 dias, o que deixa uma margem muito estreita para erros de manejo. A escala fenológica divide a vida da planta em duas grandes etapas: a fase vegetativa (V), onde o foco é o estabelecimento de raízes e folhas, e a fase reprodutiva (R), onde ocorre o florescimento e o enchimento de vagens.

Para o produtor rural e técnicos de campo, o domínio da fenologia do feijão não é apenas teórico, mas uma ferramenta de gestão estratégica. Como o Brasil realiza até três safras anuais (verão, safrinha e inverno), as condições climáticas variam drasticamente entre os ciclos. Identificar corretamente em qual estádio a planta se encontra permite a aplicação precisa de insumos, o manejo correto da irrigação e o controle eficiente de pragas e doenças no momento exato em que a cultura está mais suscetível ou responsiva, maximizando o potencial produtivo e a rentabilidade.

Principais Características

  • Divisão em Fases V e R: O ciclo é segmentado em estádios Vegetativos (V0 a Vn) e Reprodutivos (R5 a R9). A fase V foca na construção da arquitetura da planta (folhas e raízes), enquanto a fase R drena a energia acumulada para a formação e enchimento dos grãos.

  • Hábito de Crescimento Determinado (Tipo 1): Cultivares deste grupo cessam o crescimento vegetativo assim que inicia o florescimento. Isso resulta em um florescimento mais concentrado e uma maturação mais uniforme, facilitando a colheita mecanizada.

  • Hábito de Crescimento Indeterminado (Tipos 2, 3 e 4): Nestas variedades, a planta continua emitindo novas folhas e ramos mesmo após o início da fase reprodutiva. Isso confere maior capacidade de recuperação a estresses, mas gera uma maturação desuniforme.

  • Alta Demanda Hídrica Inicial: O estádio V0 (germinação) é crítico, exigindo umidade constante no solo para garantir o estande inicial. A falta de água nesta fase ou o excesso (encharcamento) podem comprometer irremediavelmente a produtividade.

  • Sensibilidade Fotoperiódica e Térmica: A duração de cada estádio fenológico pode variar conforme a cultivar, a temperatura ambiente e, em alguns materiais, o comprimento do dia, influenciando a duração total do ciclo.

Importante Saber

  • Janela de Recuperação Curta: Devido ao ciclo rápido do feijoeiro, estresses ocorridos nos estádios iniciais (V1 a V3) têm pouco tempo para serem compensados pela planta, tornando o manejo preventivo mais eficaz que o curativo.

  • Manejo Diferenciado por Hábito: Em feijões de crescimento indeterminado (especialmente o tipo trepador), a sobreposição das fases vegetativa e reprodutiva exige atenção redobrada na nutrição, pois a planta divide energia entre crescer e produzir grãos simultaneamente.

  • Proteção na Fase V0: O tratamento de sementes é indispensável nesta etapa para proteger a plântula contra pragas de solo (como a lagarta-rosca e a larva-alfinete) e fungos causadores de podridões radiculares.

  • Momento da Irrigação: A necessidade hídrica muda drasticamente entre as fases. O déficit hídrico durante o florescimento (R6) e enchimento de vagens (R8) é o que causa os maiores prejuízos em produtividade, provocando o abortamento de flores e vagens.

  • Planejamento de Colheita: A identificação visual do estádio de maturação fisiológica é crucial para planejar a dessecação (se necessária) e a colheita, evitando perdas por deiscência (abertura natural) das vagens ou grãos com excesso de umidade.

💡 Conteúdo útil?

Compartilhe com sua rede

Ajude outros produtores compartilhando este conteúdo sobre Fenologia do Feijão

Veja outros artigos sobre Fenologia do Feijão