Doenças da Cana-de-Açúcar: Identificação e Manejo das Principais Ameaças
Conheça as principais doenças da cana-de-açúcar: ferrugem, carvão e raquitismo. Aprenda a identificar os sintomas e a fazer o manejo para evitar perdas.
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A Ferrugem Alaranjada é uma doença fúngica de grande impacto econômico que afeta a cultura da cana-de-açúcar, causada pelo patógeno Puccinia kuehnii. Identificada oficialmente no Brasil por volta de 2009 e 2010, essa enfermidade alterou significativamente o manejo varietal nos canaviais brasileiros. Diferente da ferrugem marrom (Puccinia melanocephala), que já era comum no país, a ferrugem alaranjada apresenta uma agressividade distinta e ataca genótipos que anteriormente eram considerados seguros, exigindo uma rápida adaptação por parte dos produtores e programas de melhoramento genético.
A doença ataca principalmente o tecido foliar da planta, provocando lesões que evoluem para pústulas produtoras de esporos. O principal dano fisiológico ocorre devido à redução da área foliar fotossinteticamente ativa. Com as folhas comprometidas e necrosadas, a planta perde a capacidade de realizar a fotossíntese de maneira eficiente, o que impacta diretamente o desenvolvimento vegetativo e o acúmulo de sacarose nos colmos. Em casos severos, o canavial apresenta um aspecto visual “queimado” e o desenvolvimento das touceiras é travado.
No contexto do agronegócio brasileiro, a ferrugem alaranjada representa um desafio constante devido à extensão das áreas cultivadas e às condições climáticas tropicais que, em muitas regiões, favorecem a sobrevivência e a multiplicação do fungo. O controle dessa doença é um pilar fundamental para garantir a rentabilidade da safra, visto que a cana-de-açúcar é a base para as indústrias de açúcar, etanol e bioenergia. O manejo incorreto pode levar a quebras de produtividade que comprometem a viabilidade econômica de talhões inteiros.
Agente Causal: O fungo responsável é o Puccinia kuehnii, cujos esporos (uredósporos) possuem coloração amarelo-alaranjada e parede celular espessa de um lado.
Sintomatologia: Inicia-se com pequenas pontuações amareladas (“flecks”) que evoluem para lesões alongadas e pústulas, frequentemente agrupadas em “reboleiras” nas folhas.
Localização das Lesões: As pústulas ocorrem predominantemente na face inferior (abaxial) da folha, podendo apresentar um halo clorótico ou castanho ao redor.
Condições Favoráveis: O desenvolvimento da doença é otimizado em ambientes com alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas a quentes, situadas entre 19°C e 26°C.
Disseminação: A propagação ocorre principalmente pelo vento, que transporta os esporos a longas distâncias, facilitando a contaminação de áreas vizinhas.
Diferenciação: As pústulas da ferrugem alaranjada tendem a ser menores e de cor mais clara (laranja vivo) em comparação às da ferrugem marrom (marrom escuro a tijolo).
Impacto na Produtividade: Em variedades suscetíveis e sob condições climáticas favoráveis ao fungo, as perdas de produtividade agrícola podem chegar a 40% ou mais, além da redução na qualidade industrial (ATR).
Resistência Varietal: A principal e mais eficiente forma de controle é o plantio de variedades geneticamente resistentes. A substituição de variedades suscetíveis é recomendada no planejamento de renovação do canavial.
Monitoramento Constante: A identificação precoce é crucial. O monitoramento deve ser intensificado em épocas de clima úmido e temperaturas amenas, observando-se as folhas mais novas e a base da planta.
Controle Químico: O uso de fungicidas sistêmicos e protetores é uma ferramenta válida dentro do Manejo Integrado de Doenças, devendo ser aplicado de forma preventiva ou nos primeiros sinais da doença para evitar epidemias.
Diagnóstico Correto: É essencial não confundir a ferrugem alaranjada com a ferrugem marrom no campo, pois a agressividade e a resposta das variedades podem diferir, alterando a tomada de decisão sobre o manejo.
Necrose Foliar: Em estágios avançados, as lesões podem coalescer (se juntar), causando a morte prematura de grandes áreas do tecido foliar, o que reduz drasticamente a capacidade da planta de produzir açúcar.
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