Artigos sobre Folha Algodao

O que é Folha Algodao

A folha do algodoeiro (Gossypium hirsutum) representa o principal órgão vegetativo da planta, atuando como a “usina” fotossintética responsável pela produção de fotoassimilados que sustentarão o desenvolvimento das estruturas reprodutivas (maçãs e capulhos). No contexto agronômico brasileiro, o monitoramento e a manutenção da sanidade foliar são cruciais, pois a cultura possui um ciclo indeterminado e uma alta demanda energética para garantir a produtividade e a qualidade da fibra. A folha não é apenas um tecido vegetal, mas o principal indicador visual do estado nutricional e hídrico da lavoura.

No manejo de alta tecnologia praticado no Cerrado e no Oeste Baiano, a “folha de algodão” assume um papel central em duas etapas distintas: durante o desenvolvimento vegetativo, onde se busca maximizar o Índice de Área Foliar (IAF) para otimizar a interceptação de luz; e no final do ciclo, onde o foco se torna a defoliação química controlada. Esta última prática é essencial para a colheita mecanizada, visando reduzir as impurezas na pluma e garantir a rentabilidade do produto final.

Além disso, a folha é a porta de entrada para a maioria dos defensivos agrícolas sistêmicos e reguladores de crescimento. Sua integridade física e fisiológica determina a eficiência da absorção desses produtos. Portanto, entender a morfologia e a fisiologia da folha do algodão é fundamental para o manejo integrado de pragas (MIP) e doenças, especialmente em safras com desafios climáticos e janelas de plantio estreitas, onde qualquer perda de área fotossintética pode impactar diretamente o rendimento final.

Principais Características

• Morfologia Palmada e Lobada: As folhas do algodoeiro apresentam formato palmado com lóbulos definidos, o que influencia a arquitetura da planta e a penetração de gotas de pulverização no dossel inferior.
• Presença de Nectários Extraflorais: Localizados na nervura central da face inferior, esses nectários excretam açúcares que atraem tanto inimigos naturais quanto pragas, exigindo monitoramento constante.
• Pilosidade Variável (Tricomas): A densidade de pelos nas folhas varia conforme a cultivar; folhas mais pilosas podem reter mais ovos de pragas, enquanto folhas lisas facilitam a limpeza da fibra na usina de beneficiamento.
• Alta Plasticidade Fenotípica: A folha responde rapidamente a estímulos ambientais, alterando sua angulação (heliotropismo) para maximizar a captação de luz ou reduzir a transpiração em momentos de estresse hídrico.
• Estômatos Sensíveis: Possui alta densidade estomática, o que torna a cultura muito responsiva à disponibilidade de água no solo e à demanda evaporativa da atmosfera, fechando-se rapidamente em condições de seca (deficit de pressão de vapor).

Importante Saber

• Alvo de Doenças Críticas: A folha é o sítio de infecção da Ramulária (Ramularia areola), a principal doença do algodão no Brasil, que causa desfolha precoce e exige aplicações preventivas de fungicidas para proteção do tecido.
• Indicador Nutricional: Deficiências de nutrientes móveis (como Nitrogênio, Magnésio e Potássio) manifestam-se primeiro nas folhas mais velhas, enquanto micronutrientes imóveis aparecem nas folhas novas, servindo de guia para adubações de correção.
• Manejo da Defoliação: A aplicação de defoliantes deve ocorrer quando cerca de 60% a 70% das maçãs estiverem abertas; aplicar muito cedo interrompe a maturação das fibras (micronaire baixo), e aplicar tarde pode permitir o rebrote foliar, sujando a pluma.
• Regulação de Crescimento: A absorção de reguladores de crescimento (como cloreto de mepiquate) ocorre via foliar; portanto, a aplicação deve considerar a espessura da cutícula e as condições climáticas para evitar perdas por evaporação ou lavagem.
• Sintoma de Estresse Hídrico: O “murchamento” das folhas durante as horas mais quentes do dia é o primeiro sinal visual de que a planta está perdendo turgor, indicando a necessidade de manejo de irrigação ou, em sequeiro, a conservação de umidade no solo.