Tudo sobre Formação De Pastagem

O que é Formação De Pastagem

A formação de pastagem é o processo técnico de estabelecimento de espécies forrageiras em uma área agrícola, visando criar uma fonte de alimentação volumosa e nutritiva para a pecuária, seja de corte ou de leite. No Brasil, este processo evoluiu significativamente, deixando de ser apenas uma prática extrativista ou de simples dispersão de sementes para se tornar uma etapa de alta tecnologia agronômica. O objetivo central é garantir um estande de plantas vigoroso, uniforme e com alta capacidade de suporte (UA/ha), maximizando a produção de biomassa e a conversão em proteína animal.

Atualmente, a formação de pastagens está intrinsecamente ligada aos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP). Diferente do plantio solteiro convencional, é comum que a pastagem seja formada em consórcio com culturas anuais, principalmente o milho safrinha. Essa estratégia permite que o produtor amortize os custos de implantação do capim com a receita da lavoura de grãos, além de promover benefícios diretos ao solo, como a descompactação através do sistema radicular agressivo das gramíneas tropicais e a formação de palhada para o sistema de plantio direto subsequente.

Para o sucesso da formação, é necessário um planejamento rigoroso que envolve desde a análise e correção química do solo até a escolha da espécie forrageira adequada ao clima e ao nível de tecnificação da propriedade. Espécies do gênero Brachiaria (como B. brizantha, B. decumbens e B. ruziziensis) são as mais utilizadas no território nacional devido à sua rusticidade e adaptação aos solos ácidos e tropicais, embora exijam manejo específico para expressar seu potencial produtivo máximo.

Principais Características

Densidade de Semeadura Elevada: Ao contrário do uso apenas para cobertura de solo, a formação de pastagem exige uma população de plantas maior (geralmente entre 10 a 20 plantas/m²), garantindo fechamento rápido da área e alta oferta de forragem.
Consórcio com Grãos: Frequentemente realizada simultaneamente ao plantio do milho (sistema Santa Fé) ou em sobressemeadura na soja, otimizando o uso da terra e gerando receita durante a fase de estabelecimento do capim.
Exigência de Fertilidade: Embora muitas forrageiras sejam rústicas, a formação eficiente requer níveis adequados de saturação de bases (V%) e fósforo, exigindo calagem e adubação de plantio para garantir longevidade e vigor.
Variedade de Espécies: A escolha da forrageira (ex: Brachiaria ruziziensis para rotação rápida ou Brachiaria brizantha cv. Marandu para pastos perenes) define o manejo e a durabilidade da pastagem.
Dupla Aptidão: A pastagem formada serve tanto para alimentação animal (pastejo direto, feno ou silagem) quanto para serviços ecossistêmicos, como a ciclagem de nutrientes e estruturação do solo.

Importante Saber

Cálculo de Sementes (VCG): É crucial calcular a taxa de semeadura baseada no Valor Cultural de Germinação (VCG) e no Peso de Mil Sementes (PMS) para evitar falhas no estande ou desperdício de insumos.
Manejo de Herbicidas no Consórcio: Quando consorciada com milho, a forrageira pode precisar de subdoses de herbicida para travar seu crescimento inicial e evitar competição excessiva por água e luz com a cultura produtora de grãos.
Primeiro Pastejo: O manejo do primeiro pastejo é determinante; deve ser feito para estimular o perfilhamento e o enraizamento, evitando que o gado arranque as plantas jovens ou que o capim passe do ponto e acame.
Controle de Pragas: A fase de formação é sensível ao ataque de pragas como a cigarrinha-das-pastagens, especialmente em cultivares suscetíveis como a Brachiaria ruziziensis, exigindo monitoramento constante.
Adaptação Edafoclimática: Nem toda braquiária serve para toda área; fatores como drenagem do solo (tolerância a encharcamento) e resistência à seca devem guiar a escolha da semente para evitar a degradação precoce da pastagem.