O que é Forrageira O Que E
No contexto agronômico, plantas forrageiras são espécies vegetais cultivadas ou manejadas especificamente para a alimentação de animais, como bovinos, equinos, ovinos e caprinos. Elas constituem a base da cadeia produtiva de carne e leite no Brasil, sendo a fonte de alimento mais econômica e acessível para os rebanhos. O termo engloba uma vasta gama de plantas, sendo as mais comuns as gramíneas (como os gêneros Brachiaria e Panicum) e as leguminosas, que podem ser oferecidas aos animais via pastejo direto, ou conservadas na forma de silagem e feno para uso em períodos de escassez.
A importância das forrageiras no agronegócio brasileiro vai além da nutrição animal. Elas desempenham um papel fundamental na sustentabilidade dos sistemas de produção, especialmente no Sistema de Plantio Direto (SPD) e na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Nestes cenários, as forrageiras são essenciais para a produção de palhada, proteção do solo contra erosão, reciclagem de nutrientes e melhoria da estrutura física do solo através de seus sistemas radiculares agressivos.
Portanto, entender o que é uma forrageira implica reconhecer que o pasto é uma lavoura e deve ser tratado com o mesmo rigor técnico que culturas de grãos. A escolha correta da espécie, o manejo da fertilidade do solo e o ajuste da taxa de lotação animal são determinantes para o sucesso da atividade pecuária e para a viabilidade econômica do produtor rural, garantindo produtividade tanto na pecuária quanto na agricultura subsequente.
Principais Características
- Alta produção de biomassa: Uma boa forrageira deve ter capacidade de converter recursos naturais (luz, água e nutrientes) em grande quantidade de matéria seca comestível por hectare.
- Valor nutritivo adequado: Além de volume, a planta precisa oferecer níveis satisfatórios de proteína bruta, energia e digestibilidade para atender às exigências nutricionais das categorias animais (cria, recria ou engorda).
- Capacidade de rebrote: Característica vital para pastagens perenes, refere-se à velocidade e vigor com que a planta recupera sua área foliar após o pastejo ou corte.
- Adaptabilidade edafoclimática: Resistência a condições adversas comuns no Brasil, como períodos de seca, solos ácidos, baixa fertilidade ou encharcamento temporário, dependendo da região.
- Palatabilidade: A planta deve ser aceita e consumida voluntariamente pelos animais, sem conter fatores antinutricionais ou tóxicos em níveis prejudiciais.
- Sistema radicular profundo: Essencial para a tolerância ao estresse hídrico e para a descompactação do solo, facilitando a infiltração de água e a estruturação do perfil do solo.
Importante Saber
- Escolha baseada no ambiente: Não existe uma “melhor forrageira” universal; a escolha deve considerar o nível de fertilidade do solo, o clima da região (pluviometria) e o nível tecnológico da propriedade.
- Manejo de entrada e saída: Respeitar a altura correta de entrada e saída dos animais nos piquetes é crucial para evitar a degradação do pasto e garantir a perenidade da cultura.
- Estacionalidade da produção: No Brasil, a produção de forragem cai drasticamente na época da seca. O produtor deve planejar estratégias como diferimento de pastagem, silagem ou suplementação no cocho para evitar perda de peso do rebanho.
- Consórcio com agricultura: O uso de forrageiras na entressafra da soja ou milho (sobressemeadura ou cultivo solteiro) é uma prática excelente para cobrir o solo e reduzir a incidência de plantas daninhas.
- Controle de pragas: Cigarrinhas-das-pastagens e lagartas podem dizimar áreas de pasto se não monitoradas; o manejo integrado de pragas deve ser constante.
- Reposição de nutrientes: Assim como qualquer cultura, a forrageira extrai nutrientes do solo. A adubação de manutenção, especialmente com nitrogênio, fósforo e potássio, é necessária para manter a produtividade ao longo dos anos.