Artigos sobre Fungo Amarelo

O que é Fungo Amarelo

No contexto agronômico brasileiro, o termo “Fungo Amarelo” refere-se predominantemente ao Aspergillus flavus, um microrganismo de vasta distribuição e impacto econômico significativo. Este fungo é conhecido por sua capacidade de colonizar uma grande variedade de substratos agrícolas, com destaque para grãos e sementes oleaginosas, como milho, amendoim, algodão e soja. Embora possa atuar como um saprófita (alimentando-se de matéria morta), ele é um patógeno oportunista que infecta culturas tanto no campo quanto, e principalmente, durante as etapas de pós-colheita e armazenamento.

A maior preocupação relacionada ao Aspergillus flavus não é apenas a deterioração física dos grãos, mas a sua capacidade de produzir metabólitos tóxicos secundários conhecidos como aflatoxinas. Estas substâncias são altamente nocivas à saúde humana e animal, sendo potentes agentes cancerígenos e hepatotóxicos. No Brasil, devido às condições climáticas tropicais de altas temperaturas e umidade, o manejo deste fungo é um desafio constante para garantir a segurança alimentar e a qualidade dos produtos destinados à exportação e ao consumo interno.

A infecção pelo fungo amarelo é frequentemente facilitada por danos físicos nos grãos, causados por estresse hídrico ou pelo ataque de pragas, como percevejos e lagartas. Quando a integridade da semente é rompida por insetos, cria-se uma porta de entrada ideal para os esporos do fungo, que se desenvolvem rapidamente se as condições de umidade do grão estiverem acima dos níveis recomendados. Portanto, a presença deste fungo é um indicador direto de falhas no manejo fitossanitário no campo ou nas condições de secagem e armazenagem.

Principais Características

• Morfologia e Coloração: As colônias de Aspergillus flavus apresentam uma coloração característica que varia do amarelo-esverdeado ao verde-oliva, com textura pulverulenta devido à abundante produção de esporos (conídios).
• Produção de Micotoxinas: É o principal produtor de aflatoxinas do tipo B1 e B2, consideradas as micotoxinas naturais mais tóxicas, sujeitas a rigorosa legislação sanitária no Brasil e no exterior.
• Condições de Desenvolvimento: O fungo é termotolerante, desenvolvendo-se otimamente em temperaturas entre 25°C e 30°C, mas capaz de crescer entre 12°C e 48°C. Exige umidade relativa do ar acima de 80-85% e umidade do grão superior a 13%.
• Sobrevivência no Solo: O fungo sobrevive em restos culturais (palhada) no solo na forma de escleródios (estruturas de resistência), servindo de inóculo para a safra seguinte.
• Associação com Pragas: Sua incidência aumenta drasticamente em lavouras atacadas por insetos mastigadores ou sugadores, pois as lesões nos tecidos vegetais facilitam a colonização fúngica.

Importante Saber

• Manejo Integrado é Essencial: O controle do fungo amarelo começa no campo. O combate eficiente a pragas que danificam espigas e vagens (como percevejos e lagartas) é fundamental para reduzir a porta de entrada do patógeno.
• Ponto Crítico na Colheita: A colheita deve ser realizada assim que os grãos atingirem a maturação fisiológica e a umidade adequada, evitando que fiquem expostos às intempéries no campo, o que favorece a proliferação fúngica.
• Secagem e Armazenamento: A redução imediata da umidade dos grãos para níveis seguros (geralmente abaixo de 13% para milho e soja) e a manutenção de temperaturas baixas nos silos são as medidas mais eficazes para impedir o desenvolvimento do fungo e a síntese de toxinas.
• Monitoramento de Micotoxinas: A presença visual do fungo nem sempre indica altos níveis de toxina, e vice-versa. Análises laboratoriais periódicas são indispensáveis para certificar a qualidade do lote, especialmente para a indústria de ração animal e alimentação humana.
• Legislação Vigente: O Ministério da Agricultura (MAPA) e a ANVISA estabelecem Limites Máximos Tolerados (LMT) para aflatoxinas. O desconhecimento ou descontrole sobre o fungo amarelo pode resultar na condenação total de cargas e prejuízos financeiros severos.