Artigos sobre Fungo Branco na Terra do Vaso

O que é Fungo Branco Na Terra Do Vaso

O aparecimento de uma camada ou manchas brancas na superfície do solo de vasos, bandejas de mudas ou recipientes de cultivo é uma ocorrência comum em viveiros e ambientes de cultivo protegido no Brasil. Tecnicamente, essa manifestação visual refere-se, na maioria dos casos, ao desenvolvimento de micélio (a parte vegetativa) de fungos saprófitas. Esses organismos não são necessariamente patogênicos às plantas; eles atuam na decomposição da matéria orgânica presente no substrato, transformando compostos complexos em nutrientes mais simples. A presença desses fungos é frequentemente um indicativo de alta umidade, baixa aeração e riqueza de material orgânico não totalmente decomposto no meio de cultivo.

No entanto, é crucial para o agrônomo e o produtor distinguir essa ocorrência biológica de processos químicos ou patológicos. Muitas vezes, o que se identifica visualmente como “fungo branco” pode ser, na verdade, uma eflorescência salina — o acúmulo de sais fertilizantes ou calcário que cristalizam na superfície do substrato devido à evaporação da água. Além disso, em contextos de fitopatologia, a presença de estruturas brancas e algodonosas pode sinalizar o início de doenças graves, como o Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) ou podridões de colo, que exigem intervenção imediata para evitar perdas econômicas.

No contexto do agronegócio brasileiro, especialmente na produção de ornamentais, hortaliças em ambiente protegido e viveiros florestais, o manejo correto do “fungo branco” envolve ajustes nas práticas culturais. O entendimento da origem desse fenômeno — se biológico (saprófita ou patógeno) ou químico (salinização) — é determinante para a tomada de decisão, evitando o uso desnecessário de fungicidas e focando na correção do manejo de irrigação e na qualidade do substrato utilizado.

Principais Características

• Textura e Aparência: Quando de origem fúngica, apresenta-se geralmente com uma textura algodonosa, filamentosa ou semelhante a uma teia fina (micélio) cobrindo a superfície do substrato.
• Odor Característico: Fungos saprófitas costumam exalar um cheiro de terra molhada, mofo ou cogumelo fresco, diferentemente dos depósitos salinos que são inodoros.
• Associação com Umidade: O desenvolvimento é favorecido em ambientes com umidade relativa alta, substratos encharcados e baixa circulação de ar, condições típicas de estufas mal ventiladas.
• Localização Específica: Tende a se concentrar sobre pedaços de casca de pinus, fibra de coco ou outros componentes orgânicos do substrato, podendo se estender para as bordas do vaso.
• Diferenciação de Sais: Se a substância branca for dura, cristalina e se esfarelar como pó seco ao toque, trata-se provavelemente de acúmulo de sais (fertilizantes), e não de um organismo vivo.

Importante Saber

• Indicador de Manejo: A presença excessiva de fungos saprófitas é um bioindicador de que a irrigação pode estar excessiva ou que a drenagem do recipiente é insuficiente, exigindo ajuste no turno de rega.
• Risco de Patógenos: Embora muitos sejam inofensivos, é vital monitorar se o fungo começa a “subir” pelo caule da planta ou causar necrose no colo (base), o que indicaria um ataque de patógenos como Sclerotium ou Rhizoctonia.
• Qualidade do Substrato: Substratos que não passaram por um processo de compostagem completo e estabilização tendem a apresentar maior proliferação fúngica; prefira materiais estabilizados para evitar competição por nitrogênio.
• Controle Cultural: Antes de aplicar produtos químicos, recomenda-se a remoção mecânica da camada afetada (escarificação superficial) e a melhoria da ventilação entre os vasos para reduzir o microclima úmido.
• Confusão com Pragas: Não deve ser confundido com cochonilhas farinhentas, que também são brancas, mas são insetos móveis que se alojam nas plantas e raízes, não apenas espalhados sobre a terra.
• Impacto na Germinação: Em sementeiras, uma cobertura densa de fungos pode criar uma barreira física (“crosta”) que dificulta a emergência das plântulas ou favorece o damping-off (tombamento).