Artigos sobre Fungo no Café

O que é Fungo No Café

A classificação “Fungo no Café” engloba uma ampla variedade de agentes patogênicos que afetam a cultura do cafeeiro em diferentes estágios de desenvolvimento, desde a produção de mudas em viveiros até a planta adulta em campo. No contexto da agronomia brasileira, o manejo de doenças fúngicas é um dos maiores desafios fitossanitários, exigindo monitoramento constante para evitar perdas econômicas significativas. Embora doenças clássicas como a ferrugem e a cercosporiose sejam amplamente conhecidas, esta categoria também inclui patógenos emergentes e oportunistas que podem comprometer a viabilidade do plantio.

Um exemplo crítico e relativamente recente no Brasil é a Mancha de Mirotécio, causada pelo fungo Myrothecium roridum. Identificada inicialmente em viveiros no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, essa doença ilustra como novos fungos podem surgir e ameaçar a produção, atacando especificamente mudas de café arábica e conilon. A presença de fungos no cafezal geralmente está associada a condições ambientais específicas, como alta umidade e temperaturas favoráveis, além da presença de inóculos no solo ou em restos culturais.

O impacto desses microrganismos varia desde a redução da área foliar fotossinteticamente ativa até a desfolha total e morte da planta. No caso de fungos de solo ou aqueles que atacam mudas jovens, o prejuízo é direto na formação da lavoura, exigindo o descarte de lotes inteiros de plantas. Portanto, entender a biologia, os sintomas e a epidemiologia desses fungos é essencial para a implementação de estratégias de Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIPD) eficientes.

Principais Características

• Sintomatologia Visual: As infecções fúngicas manifestam-se frequentemente através de lesões foliares. No caso do Myrothecium, observam-se manchas arredondadas com anéis concêntricos de diferentes tons de marrom e, em estágios iniciais, aspecto oleoso.

• Estruturas Reprodutivas: A presença de sinais do patógeno é comum; fungos como o causador da Mancha de Mirotécio apresentam esporodóquios (estruturas salientes) com borda de micélio branco e centro preto, visíveis sob análise cuidadosa.

• Capacidade Saprofítica: Muitos fungos que atacam o café, incluindo o M. roridum, conseguem sobreviver em matéria orgânica morta no solo, o que dificulta a erradicação e aumenta a persistência do inóculo na área.

• Polifagia (Hospedeiros Alternativos): Diversos fungos do cafeeiro não são exclusivos da cultura. Eles podem hospedar-se em outras plantas de importância econômica como soja, algodão e cucurbitáceas, facilitando a transmissão entre lavouras vizinhas.

• Estágio de Ataque: Embora afetem plantas adultas, certos fungos são devastadores na fase de viveiro (mudas de 2 a 5 meses), causando necrose e abortamento de folhas.

Importante Saber

• Diagnóstico Diferencial: É crucial não confundir os sintomas. A Mancha de Mirotécio, por exemplo, é frequentemente confundida com a Mancha de Phoma. A distinção é feita pela regularidade das bordas da lesão e pela presença das estruturas de frutificação específicas.

• Impacto na Fotossíntese: A necrose causada pelas lesões fúngicas reduz a área foliar útil da planta, comprometendo o desenvolvimento vegetativo e, consequentemente, o potencial produtivo futuro da lavoura.

• Risco de Desfolha: Em infecções severas, especialmente em mudas, ocorre a queda total das folhas, levando à morte da planta e perda total do investimento na produção das mudas.

• Condições Predisponentes: O plantio em solos contaminados e o excesso de umidade favorecem a esporulação e infecção. O manejo cultural e a escolha do substrato são as primeiras linhas de defesa.

• Monitoramento Preventivo: A inspeção deve ser rigorosa em viveiros. Ao notar manchas verde-claro ou halos amarelados, o produtor deve isolar as plantas suspeitas para evitar a disseminação rápida típica desses patógenos.