O que é Fungos Do Milho
Os fungos do milho representam um complexo de microrganismos patogênicos que afetam a cultura em diversos estágios de desenvolvimento, desde a germinação da semente até o armazenamento do grão colhido. No contexto do agronegócio brasileiro, a incidência desses patógenos é favorecida pelas condições climáticas tropicais, caracterizadas por altas temperaturas e umidade elevada, além do sistema de produção intensivo com duas safras anuais (verão e safrinha), que mantém uma “ponte verde” para a sobrevivência e multiplicação do inóculo no campo.
Esses agentes causais são responsáveis por uma série de doenças que podem comprometer severamente o potencial produtivo da lavoura e a qualidade final do produto. As infecções fúngicas manifestam-se principalmente através de doenças foliares (como ferrugens e manchas), podridões de colmo e raiz, e podridões da espiga. Além da perda direta de produtividade pela redução da área fotossintética ou tombamento de plantas, a presença de fungos nos grãos é uma preocupação crítica para a indústria de nutrição animal e humana, devido ao risco de produção de micotoxinas, substâncias tóxicas que desvalorizam o produto e impõem barreiras comerciais.
Principais Características
- Sobrevivência em Resteva: A maioria dos fungos necrotróficos do milho possui a capacidade de sobreviver nos restos culturais (palhada) de safras anteriores, o que torna o manejo no Sistema de Plantio Direto um ponto de atenção constante.
- Produção de Micotoxinas: Certos gêneros de fungos, como Fusarium, Aspergillus e Penicillium, produzem metabólitos secundários tóxicos (fumonisinas, aflatoxinas) que contaminam os grãos, afetando a saúde de aves, suínos e bovinos.
- Disseminação pelo Vento e Chuva: Os esporos fúngicos são facilmente transportados pelo vento a longas distâncias ou respingados pela chuva nas folhas inferiores, facilitando a rápida expansão da doença na lavoura.
- Especialização por Tecido: Existem fungos específicos que atacam o sistema radicular e vascular, causando murcha e tombamento, enquanto outros se especializam em tecidos foliares ou diretamente nos grãos em formação.
- Interação com Estresse Hídrico: Plantas submetidas a estresses, como secas prolongadas ou desequilíbrios nutricionais, tornam-se fisiologicamente mais suscetíveis à colonização por fungos oportunistas, especialmente as podridões de colmo.
Importante Saber
- Monitoramento Constante: A identificação precoce dos sintomas é crucial. O monitoramento deve começar nos estágios iniciais (V2-V4) e seguir até a pré-colheita, observando a presença de lesões foliares ou anomalias nas espigas.
- Escolha de Híbridos Resistentes: A utilização de híbridos com resistência genética ou tolerância às principais doenças da região é a estratégia de manejo mais eficiente e econômica para o produtor.
- Rotação de Culturas: A interrupção do monocultivo de gramíneas é fundamental para quebrar o ciclo de vida dos fungos que sobrevivem na palhada, reduzindo a pressão de inóculo para a safra seguinte.
- Manejo com Fungicidas: A aplicação de fungicidas deve seguir critérios técnicos baseados no estágio fenológico da cultura e no nível de incidência da doença, respeitando os períodos de carência e rotacionando mecanismos de ação para evitar resistência.
- Cuidados na Colheita e Armazenagem: A colheita deve ser realizada assim que a umidade do grão permitir, evitando que o milho fique exposto a chuvas no campo. A secagem correta e o controle de temperatura/umidade no silo são vitais para impedir a proliferação de fungos de armazenamento.
- Impacto na Nutrição Animal: Produtores que utilizam o milho para silagem ou ração na própria fazenda devem realizar análises bromatológicas e de micotoxinas, pois a ingestão de milho contaminado reduz o desempenho zootécnico e pode causar mortalidade no rebanho.