Nuvem de Gafanhotos no Brasil: O Que o Produtor Precisa Saber
Nuvem de gafanhotos no Brasil: Entenda o contexto histórico, as principais características desses insetos e quais medidas o país tem tomado.
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O Gafanhoto-Sul-Americano (Schistocerca cancellata) é uma espécie de inseto ortóptero nativo da América do Sul, historicamente reconhecido como uma das pragas agrícolas mais vorazes e destrutivas da região. Originário principalmente da região do Chaco (área que abrange partes do Paraguai, Argentina e Bolívia), este inseto se diferencia de outras espécies de gafanhotos pela sua capacidade de alternar entre fases solitárias e gregárias. Quando em fase gregária, impulsionado por condições climáticas específicas e densidade populacional, forma nuvens migratórias massivas que podem percorrer longas distâncias, atravessando fronteiras e ameaçando a agricultura brasileira, especialmente na região Sul.
Para o agronegócio brasileiro, a importância do monitoramento desta praga reside no seu potencial de devastação rápida. Diferente de espécies nativas como o Rhammatocerus pictus, que possuem menor capacidade de deslocamento e reprodução, o Schistocerca cancellata atua como uma praga transfronteiriça. Embora o Brasil tenha passado décadas sem registros de grandes nuvens (com ocorrências notáveis em 1947 e 1948), o ressurgimento de alertas recentes demonstra que as condições ambientais podem reativar o comportamento migratório da espécie, exigindo prontidão dos órgãos de defesa sanitária e dos produtores rurais.
Polifenismo de fase: A espécie possui a habilidade biológica de mudar de comportamento, cor e fisiologia, passando de indivíduos solitários inofensivos para grupos gregários agressivos e migratórios.
Gatilhos ambientais: A formação de nuvens é geralmente desencadeada por uma combinação de seca seguida de chuvas rápidas, escassez de alimento na região de origem e temperaturas consistentemente acima de 30°C.
Alta voracidade: Estima-se que um único indivíduo consuma cerca de duas gramas de matéria verde por dia; uma nuvem de tamanho médio pode consumir a mesma quantidade de biomassa que um rebanho de 20 mil bovinos diariamente.
Potencial reprodutivo elevado: As fêmeas realizam a postura dos ovos no solo (oviposição), podendo depositar de 80 a 100 ovos por vez, repetindo o processo até seis vezes durante seu ciclo de vida.
Padrão de deslocamento: As nuvens migratórias voam durante o dia aproveitando as correntes de vento e pousam ao entardecer para se alimentar e reproduzir, retomando o voo na manhã seguinte.
Diferenciação necessária: É fundamental distinguir o Gafanhoto-Sul-Americano de espécies nativas e “gafanhotos crioulos”, pois o controle químico indiscriminado pode causar desequilíbrio ecológico sem necessidade técnica.
Risco de reinfestação: Como as nuvens pousam para ovipositar no solo, uma área que apenas serviu de “pouso” pode se tornar um foco de infestação de ninfas semanas depois, exigindo monitoramento contínuo do solo após a passagem da praga.
Impacto econômico: O dano é causado pela desfolha total e rápida de culturas comerciais (como milho, soja, cana-de-açúcar) e pastagens, resultando em perdas severas de produtividade em curtíssimo prazo.
Estratégia de controle: O combate é mais eficiente quando realizado nos locais de reprodução (fase de ninfa, quando ainda não voam) ou quando os adultos estão pousados e aglomerados (período noturno ou início da manhã), seguindo estritamente as orientações do MAPA.
Monitoramento oficial: A presença desta praga é objeto de vigilância internacional; produtores devem reportar avistamentos suspeitos imediatamente aos órgãos estaduais de defesa agropecuária para coordenação de ações de controle.
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