O que é Geada Em Lavouras

A geada é um fenômeno meteorológico de alto impacto para a agricultura brasileira, caracterizado pelo congelamento dos tecidos vegetais devido à queda acentuada da temperatura do ar. Tecnicamente, no contexto agronômico, considera-se o risco de geada quando a temperatura no abrigo meteorológico registra valores inferiores a 2°C, o que geralmente corresponde a 0°C ou menos na superfície das plantas. Esse resfriamento provoca a cristalização da água presente no interior e no exterior das células vegetais, resultando na ruptura das paredes celulares e na consequente morte de órgãos vitais como folhas, flores e grãos em formação, ou até mesmo da planta inteira.

Embora seja historicamente mais frequente na região Sul do Brasil, o fenômeno também afeta importantes polos agrícolas em São Paulo, no sul de Minas Gerais e no Mato Grosso do Sul. A severidade dos danos na lavoura não é uniforme e depende de uma interação complexa entre a topografia do terreno (com o ar frio se acumulando nas baixadas), o estágio de desenvolvimento da cultura e a intensidade da massa de ar frio. Para o produtor de grãos e culturas perenes, a geada representa um risco climático que exige estratégias de prevenção baseadas em histórico climático e monitoramento constante.

Principais Características

  • Tipos de formação: Pode ocorrer por radiação (perda de calor do solo em noites de céu limpo), advecção (chegada de massas de ar polar com ventos fortes) ou de forma mista.

  • Diferenciação visual: Classifica-se em geada branca (com formação de cristais de gelo visíveis devido à alta umidade) e geada negra (sem gelo visível, ocorrendo em condições de baixa umidade e vento).

  • Geada de Canela: Uma manifestação específica que congela a base do caule de plantas jovens, interrompendo a circulação de seiva, muito comum e prejudicial na cafeicultura.

  • Acúmulo topográfico: O ar frio é mais denso e pesado, tendendo a escoar para as partes mais baixas do relevo, tornando os fundos de vale as áreas mais suscetíveis.

  • Dano fisiológico: O prejuízo ocorre fisicamente pela expansão da água ao congelar, que “explode” as células da planta, causando necrose e aspecto de queimadura nos tecidos.

Importante Saber

  • Periculosidade da Geada Negra: Este tipo é considerado o mais destrutivo, pois a falta de formação de gelo externo impede a liberação de calor latente, congelando a seiva interna e matando a planta por desidratação severa.

  • Ferramentas de monitoramento: A consulta frequente a sistemas como o Sisdagro (INMET) e previsões do CPTEC/INPE é vital para antecipar a chegada de frentes frias e preparar a lavoura.

  • Planejamento preventivo: A medida mais eficaz contra perdas é o respeito ao histórico de geadas da região e ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) na escolha da época de plantio e das variedades.

  • Sensibilidade fenológica: O impacto econômico varia conforme o estágio da planta; geadas durante a floração e o enchimento de grãos costumam gerar perdas irreversíveis na produtividade.

  • Avaliação de danos: Após o evento, recomenda-se cautela e um período de observação antes de realizar replantios ou podas, pois a extensão real da necrose dos tecidos pode demorar alguns dias para se manifestar completamente.

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