Bioenergia no Agronegócio: O que é e Como Funciona na Prática
A bioenergia transforma resíduos do agronegócio em lucro. Saiba como gerar sua própria energia, reduzir custos e tornar sua fazenda mais sustentável.
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A geração de biogás é um processo biológico de decomposição da matéria orgânica na ausência de oxigênio, tecnicamente conhecido como digestão anaeróbia. No contexto do agronegócio brasileiro, essa tecnologia atua transformando resíduos agropecuários — como dejetos de suínos, bovinos e aves, além de subprodutos da agroindústria como a vinhaça e a torta de filtro — em uma fonte de energia renovável e controlável. O processo ocorre no interior de equipamentos chamados biodigestores, onde colônias de bactérias degradam a biomassa, liberando uma mistura gasosa composta majoritariamente por metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2).
Além da produção de energia, que pode ser convertida em eletricidade, calor ou combustível veicular (biometano), a geração de biogás resulta em um subproduto líquido ou pastoso denominado digestato. Este material atua como um biofertilizante de alta qualidade agronômica, rico em nutrientes mineralizados e matéria orgânica estabilizada, pronto para ser aplicado nas lavouras. Dessa forma, o sistema fecha o ciclo produtivo dentro da fazenda, promovendo a economia circular e transformando um passivo ambiental (resíduo) em ativo econômico.
No Brasil, a tecnologia tem se consolidado como uma solução estratégica para propriedades rurais de médio e grande porte, especialmente em regiões com alta densidade de pecuária intensiva e agroindústrias. A geração de biogás permite ao produtor rural reduzir custos operacionais com energia elétrica e diesel, garantir segurança energética em áreas com fornecimento instável e mitigar a emissão de gases de efeito estufa, alinhando a produção às demandas globais de sustentabilidade.
Processo Anaeróbio: A produção ocorre exclusivamente em ambientes hermeticamente fechados (sem oxigênio), essenciais para a atividade das bactérias metanogênicas.
Composição Energética: O biogás é constituído principalmente por metano (50% a 70%), que confere o poder calorífico, e dióxido de carbono, além de traços de sulfeto de hidrogênio e vapor d’água.
Diversidade de Substratos: O sistema aceita uma ampla gama de insumos orgânicos, permitindo a codigestão (mistura) de diferentes resíduos, como esterco animal, silagem e restos de processamento de alimentos.
Produção de Biofertilizante: O processo gera o digestato, um fertilizante orgânico com menor carga patogênica, odor reduzido e nutrientes mais prontamente disponíveis para as plantas do que o esterco cru.
Flexibilidade de Aplicação: O gás gerado pode ser queimado em caldeiras (energia térmica), motogeradores (energia elétrica) ou purificado para uso em frotas agrícolas (biometano).
Viabilidade Econômica: A implementação de um projeto de biogás exige um estudo detalhado do volume constante de biomassa disponível e da logística de manejo, pois a interrupção no fornecimento de resíduos para o biodigestor afeta a eficiência da geração.
Purificação para Biometano: Para utilizar o biogás como substituto do diesel ou injetá-lo na rede de gás natural, é necessário um processo de refino para remover o CO2 e impurezas, elevando a concentração de metano acima de 90%.
Segurança Operacional: O metano é um gás inflamável e, em ambientes confinados, pode ser asfixiante. A operação de biodigestores exige protocolos rígidos de segurança, monitoramento de pressão e manutenção preventiva para evitar vazamentos.
Regulação e Incentivos: O setor é regulado por agências como ANEEL (eletricidade) e ANP (biocombustíveis). Produtores podem se beneficiar de créditos de descarbonização (CBIOs) através do programa RenovaBio e da Geração Distribuída.
Manejo do Digestato: A aplicação do biofertilizante resultante deve seguir um plano agronômico preciso, baseado em análise de solo, para evitar a salinização ou a contaminação de lençóis freáticos por excesso de nitratos e outros minerais.
Controle de Odores: A biodigestão reduz drasticamente o mau cheiro característico dos dejetos animais in natura e diminui a atração de vetores (moscas), melhorando a relação da granja com comunidades vizinhas e o ambiente de trabalho.
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