O que é Geração Distribuída No Agronegócio

A Geração Distribuída (GD) no agronegócio refere-se à produção de energia elétrica realizada junto ou próxima às unidades consumidoras, ou seja, dentro da própria propriedade rural, independentemente da potência, fonte ou tecnologia utilizada. Diferente do modelo tradicional de Geração Centralizada, onde a energia é produzida em grandes usinas (como hidrelétricas gigantes) e transportada por longas linhas de transmissão até o campo, a GD permite que o produtor rural se torne um “prosumidor” — alguém que produz e consome sua própria energia.

No contexto brasileiro, a Geração Distribuída é regulamentada pela ANEEL e, mais recentemente, pelo Marco Legal da Microgeração e Minigeração Distribuída (Lei 14.300/2022). Para o agronegócio, a fonte mais comum de GD é a energia solar fotovoltaica, devido à alta incidência solar no território nacional e à modularidade dos sistemas. No entanto, a GD no campo também engloba outras fontes renováveis, como a biomassa (aproveitamento de resíduos agrícolas e dejetos animais para biogás) e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) ou centrais geradoras hidrelétricas (CGHs).

A adoção desse modelo é estratégica para a redução de custos operacionais, especialmente em propriedades com alto consumo energético demandado por sistemas de irrigação (pivôs centrais), secadores de grãos, resfriadores de leite ou climatização de granjas. Além da autonomia energética, a GD permite que o produtor injete o excedente de energia gerada na rede da concessionária local, gerando créditos que podem ser abatidos nas faturas de energia subsequentes ou utilizados em outras unidades consumidoras da mesma titularidade.

Principais Características

  • Proximidade da Carga: A característica fundamental é que a geração ocorre no mesmo local ou muito próximo de onde a energia é consumida, reduzindo perdas técnicas nas linhas de transmissão e distribuição.

  • Sistema de Compensação de Energia Elétrica: No modelo on-grid (conectado à rede), a energia gerada e não consumida instantaneamente é injetada na rede da distribuidora, transformando-se em créditos energéticos válidos por até 60 meses.

  • Diversidade de Fontes Renováveis: Embora a energia solar fotovoltaica seja predominante devido à facilidade de instalação e manutenção, a GD no agro inclui biodigestores (biogás) e energia eólica, aproveitando os recursos naturais disponíveis na fazenda.

  • Modularidade e Escalabilidade: Os sistemas podem ser dimensionados exatamente para a demanda da propriedade, permitindo expansões futuras conforme o crescimento da produção ou a instalação de novos equipamentos elétricos.

  • Autoconsumo Remoto: Permite que a energia gerada em uma fazenda seja utilizada para abater o consumo de outra propriedade ou escritório do mesmo produtor (mesmo CPF ou CNPJ), desde que ambas estejam na área de concessão da mesma distribuidora.

Importante Saber

  • Marco Legal (Lei 14.300): É crucial entender as regras de transição e as novas tarifas de uso do fio (TUSD Fio B) aplicáveis a novos projetos. O cálculo do retorno sobre o investimento (payback) deve considerar a legislação vigente para evitar projeções financeiras irreais.

  • Viabilidade Econômica e Payback: O tempo de retorno do investimento em GD solar no Brasil varia geralmente entre 3 a 6 anos, dependendo da tarifa de energia local e da insolação da região. Após esse período, o custo da energia torna-se marginal, impactando positivamente o fluxo de caixa.

  • Conexão com a Rede (On-grid vs. Off-grid): A maioria dos sistemas de GD é conectada à rede (on-grid), o que exige homologação junto à concessionária. Sistemas isolados (off-grid) com baterias são mais caros e geralmente usados apenas onde a rede elétrica não chega ou é muito instável.

  • Manutenção Preventiva: Embora a manutenção seja baixa, ela não é inexistente. No caso da energia solar, a limpeza periódica dos painéis é essencial para manter a eficiência, especialmente em áreas com muita poeira decorrente de atividades agrícolas ou estradas de terra.

  • Sinergia com a Irrigação: Para produtores irrigantes, a GD é uma ferramenta vital para mitigar os custos do horário de ponta ou para viabilizar a irrigação diurna, reduzindo a dependência exclusiva das tarifas noturnas subsidiadas.

  • Financiamento Rural: Existem linhas de crédito específicas para a implantação de Geração Distribuída no agronegócio, como o Plano Safra (Inovagro), que oferecem taxas de juros atrativas e prazos de carência adequados ao ciclo produtivo.

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