O que é Gestão De Riscos Agrícolas

A Gestão de Riscos Agrícolas consiste em um conjunto estratégico de práticas, análises e ferramentas financeiras adotadas pelo produtor rural para identificar, mitigar e transferir as incertezas inerentes à atividade no campo. No contexto do agronegócio brasileiro, caracterizado como uma “indústria a céu aberto”, essa gestão é fundamental para garantir a sustentabilidade econômica da propriedade diante de variáveis incontroláveis, como instabilidades climáticas, oscilações de mercado e ameaças biológicas. O objetivo central não é apenas evitar prejuízos, mas assegurar a continuidade da operação e a capacidade de investimento nas safras futuras, transformando a incerteza em custos previsíveis.

Uma das principais vertentes dessa gestão é a utilização de mecanismos de proteção financeira, com destaque para as diversas modalidades de Seguro Rural. Ao contratar apólices específicas, o agricultor transfere parte do risco financeiro para seguradoras, protegendo seu capital de giro contra quebras de safra, danos ao patrimônio físico e perdas de produtividade. Essa abordagem permite que o produtor proteja não apenas a lavoura em desenvolvimento, mas também os bens essenciais para a produção, como maquinários, implementos, benfeitorias e armazéns, criando uma rede de segurança que minimiza o impacto de eventos adversos no fluxo de caixa da fazenda.

Além da proteção financeira, a gestão de riscos envolve o planejamento proativo e a organização documental da propriedade. Isso inclui a escolha correta das coberturas securitárias baseada no histórico da região e nas características da cultura, bem como a manutenção preventiva de equipamentos e a adoção de tecnologias de monitoramento. Em um cenário de mudanças climáticas frequentes, onde eventos extremos como secas prolongadas, geadas ou chuvas excessivas tornam-se mais comuns, a gestão de riscos deixa de ser um diferencial para se tornar um requisito obrigatório para a longevidade e a competitividade do negócio rural.

Principais Características

  • Transferência de Risco Financeiro: Utilização de apólices de seguro para repassar à seguradora a responsabilidade financeira sobre prejuízos causados por eventos cobertos, garantindo indenização para cobrir custos de produção ou recuperar bens.

  • Abrangência Multisetorial: A gestão cobre diferentes frentes da propriedade, incluindo riscos climáticos (lavoura), riscos operacionais (quebra ou acidente com máquinas) e riscos patrimoniais (incêndios ou danos em galpões e estruturas).

  • Personalização das Coberturas: As estratégias são adaptáveis às necessidades específicas de cada produtor, permitindo a escolha entre coberturas básicas (como incêndio e raio) e adicionais (como danos elétricos, roubo, furto qualificado ou lucros cessantes).

  • Previsibilidade de Custos: Transforma o risco de um prejuízo incalculável em um custo fixo conhecido (o prêmio do seguro), facilitando o planejamento orçamentário da safra.

  • Exigência de Conformidade Técnica: Para a validação das proteções, requer a adoção de práticas agrícolas recomendadas, como o respeito ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) e manutenção adequada do maquinário.

Importante Saber

  • Agilidade na Comunicação de Sinistros: Em caso de ocorrência de danos (climáticos ou materiais), é crucial comunicar a seguradora imediatamente para que a perícia seja realizada sem comprometer a avaliação das perdas.

  • Organização Documental é Vital: A gestão eficiente exige que o produtor mantenha registros precisos, notas fiscais de insumos, comprovantes de propriedade de máquinas e relatórios de plantio para garantir o recebimento de indenizações.

  • Diferença entre Coberturas: É essencial compreender o que está incluso na apólice contratada; por exemplo, nem todo seguro de máquinas cobre furto simples ou danos elétricos sem uma contratação adicional específica.

  • Proteção do Patrimônio Fixo: Além da lavoura, a gestão de riscos deve contemplar benfeitorias como silos, pivôs de irrigação e armazéns, que são fundamentais para a logística e não devem ser negligenciados.

  • Papel da Vistoria e Perícia: A confirmação do nexo causal (se o dano foi realmente causado por um evento coberto) depende de análise técnica presencial, sendo proibido alterar a cena do sinistro antes da liberação da seguradora, salvo para evitar o agravamento dos danos.

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