Artigos sobre Glifosato Dosagem

O que é Glifosato Dosagem

A dosagem de glifosato refere-se à determinação precisa da quantidade de ingrediente ativo ou equivalente ácido a ser aplicada por hectare para garantir o controle eficiente de plantas daninhas, sem causar desperdícios ou fitotoxidez indesejada. No contexto do agronegócio brasileiro, onde o glifosato é a base do manejo em sistemas de Plantio Direto e em culturas transgênicas (soja, milho e algodão RR), a definição da dose correta é uma decisão técnica crítica. Ela não é um valor fixo, mas sim uma variável que depende da formulação do produto comercial adquirido, do estádio de desenvolvimento das plantas alvo e das condições ambientais no momento da aplicação.

É fundamental compreender que os produtos comerciais à base de glifosato variam significativamente em concentração (expressa em gramas por litro ou quilo) e no tipo de sal utilizado (isopropilamina, amônio ou potássico). Portanto, a “dosagem” não deve ser pensada apenas em “litros por hectare”, mas sim na quantidade de equivalente ácido necessária para controlar determinada espécie invasora. O cálculo incorreto pode levar a dois cenários negativos: a subdosagem, que seleciona plantas resistentes e falha no controle, ou a superdosagem, que eleva os custos de produção e aumenta o impacto ambiental.

Além disso, a dosagem está intrinsecamente ligada à tecnologia de aplicação. Para que a dose calculada atinja o alvo e seja absorvida, é necessário considerar o volume de calda, a qualidade da água e o uso de adjuvantes. Como o glifosato é um herbicida sistêmico, a dose precisa ser absorvida pela área foliar e translocada até as raízes; portanto, a relação entre a dose aplicada e a massa verde da planta daninha é determinante para o sucesso da operação, especialmente em dessecações de pré-plantio.

Principais Características

• Variação por Formulação: A dosagem muda conforme a concentração do produto comercial (ex: 360, 480, 620, 720 ou 792 g/L ou g/kg), exigindo conversão baseada no equivalente ácido.
• Estádio Fenológico da Daninha: Plantas daninhas em estágios iniciais de desenvolvimento requerem doses menores, enquanto plantas adultas ou perenes exigem dosagens significativamente mais altas.
• Conceito de Equivalente Ácido (e.a.): É a medida padrão para comparar a potência de diferentes marcas e formulações, sendo o parâmetro técnico correto para calcular a eficácia agronômica.
• Volume de Calda: A quantidade de água utilizada para diluir a dose afeta a cobertura foliar; volumes muito baixos exigem maior precisão para evitar deriva, enquanto volumes excessivos podem causar escorrimento.
• Interação com Água Dura: A eficácia da dose pode ser reduzida se a água utilizada na mistura contiver excesso de cátions (cálcio e magnésio), que inativam moléculas do glifosato, exigindo corretores de pH ou aumento da dose.

Importante Saber

• Risco de Resistência: A aplicação contínua de subdoses (doses abaixo do recomendado) é um dos principais fatores que aceleram a seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes ao glifosato.
• Intervalo de Chuva: A formulação e a dose influenciam o tempo necessário para absorção; chuvas logo após a aplicação podem “lavar” o produto, exigindo reaplicação se o intervalo de segurança (geralmente 4 a 6 horas) não for respeitado.
• Leitura da Bula: É imprescindível consultar a bula do produto específico, pois as recomendações de dose variam para cada espécie de planta daninha (folhas largas vs. gramíneas) e cultura.
• Área Foliar Disponível: Para que a dose funcione, a planta daninha precisa ter área foliar suficiente para absorver o produto; roçadas recentes ou plantas cobertas de poeira podem comprometer a absorção da dose.
• Misturas em Tanque: Ao misturar glifosato com outros herbicidas (como 2,4-D ou saflufenacil) para ampliar o espectro de controle, a compatibilidade física e química deve ser verificada para não alterar a eficácia da dosagem.
• Orientação Profissional: A prescrição da dosagem correta deve ser feita por um Engenheiro Agrônomo, considerando o levantamento da flora infestante da área e as condições climáticas locais.