O que é Glifosato Herbicidas
O glifosato é um herbicida sistêmico, não seletivo e de pós-emergência, sendo o defensivo agrícola mais utilizado na agricultura brasileira e mundial. Sua função principal é o controle de um amplo espectro de plantas daninhas, abrangendo tanto gramíneas quanto folhas largas, anuais ou perenes. O mecanismo de ação baseia-se na inibição da enzima EPSPS, essencial para a síntese de aminoácidos aromáticos nas plantas, o que interrompe o crescimento e leva à morte do vegetal. No contexto do agronegócio brasileiro, o glifosato é uma ferramenta fundamental para a viabilidade do Sistema de Plantio Direto (SPD), sendo amplamente empregado na dessecação de manejo (pré-plantio) para garantir o plantio sobre a palhada sem revolvimento do solo.
Além da dessecação, o uso do glifosato intensificou-se com a introdução de culturas geneticamente modificadas tolerantes ao herbicida (tecnologia RR), principalmente na soja, milho e algodão. Isso permitiu a aplicação do produto em pós-emergência da cultura, facilitando o manejo operacional nas lavouras. No entanto, como destacado nas estratégias de Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD), o uso contínuo e exclusivo desta molécula gerou pressão de seleção, resultando no surgimento de biótipos de plantas daninhas resistentes, o que exige do produtor uma abordagem mais técnica e diversificada para manter a eficácia do controle.
Principais Características
- Ação Sistêmica: O produto é absorvido pelas folhas e outras partes verdes, translocando-se via floema para toda a planta, inclusive raízes, rizomas e tubérculos, o que o torna altamente eficaz contra plantas perenes.
- Não Seletividade: Em sua forma convencional, o glifosato afeta qualquer planta verde que entre em contato com a calda, exigindo cuidado extremo na aplicação para não atingir culturas não tolerantes.
- Inativação no Solo: Uma característica agronômica crucial é sua rápida adsorção às partículas de argila e matéria orgânica do solo, inativando sua ação herbicida e permitindo a semeadura da cultura logo após a aplicação (respeitando o intervalo de segurança para morte da planta daninha).
- Espectro de Controle: Possui alta eficácia sobre a maioria das espécies de plantas daninhas de importância econômica no Brasil, exceto aquelas que já desenvolveram resistência ou tolerância natural.
- Sintomatologia Lenta: A morte da planta não é imediata; os sintomas de amarelamento e necrose começam a aparecer entre 4 a 10 dias após a aplicação, dependendo da espécie e condições climáticas.
Importante Saber
- Manejo de Resistência: O uso repetitivo de glifosato selecionou populações resistentes de plantas daninhas difíceis de controlar, como a Buva (Conyza spp.) e o Capim-amargoso (Digitaria insularis). É vital rotacionar mecanismos de ação e utilizar herbicidas pré-emergentes.
- Qualidade da Água: A eficácia do glifosato é sensível à qualidade da água utilizada na calda. Águas duras (ricas em cálcio e magnésio) ou com presença de argila em suspensão podem reduzir drasticamente a eficiência do produto, exigindo corretores de pH ou sequestrantes.
- Estádio da Planta Daninha: A eficiência é máxima quando as plantas daninhas estão em estádios iniciais de desenvolvimento e em pleno crescimento vegetativo. Plantas adultas, estressadas (seca) ou perenizadas exigem doses maiores e misturas com outros herbicidas.
- Intervalo de Chuva: O produto necessita de um período sem chuvas após a aplicação (geralmente de 4 a 6 horas, dependendo da formulação) para ser absorvido pela folha antes de ser lavado.
- Tecnologia de Aplicação: Embora seja sistêmico, a cobertura adequada é necessária. Deve-se atentar para evitar a deriva, que pode causar fitotoxicidade severa em lavouras vizinhas não tolerantes ou em culturas sensíveis.