O que é Gomose Em Citros

A Gomose dos citros, tecnicamente conhecida como gomose de Phytophthora, é uma das enfermidades mais tradicionais e severas que afetam a citricultura brasileira. Causada por oomicetos (organismos semelhantes a fungos) habitantes do solo, principalmente Phytophthora parasitica e Phytophthora citrophthora, a doença ataca o sistema radicular e a base do tronco das plantas. No contexto do agronegócio nacional, especialmente no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo Mineiro, a gomose representa um desafio constante, pois prospera em condições de umidade e temperaturas amenas a quentes, típicas dessas regiões produtores.

A patologia caracteriza-se pela destruição dos tecidos da casca e do câmbio vascular na região do colo da planta. Ao comprometer esses tecidos, o patógeno interrompe a circulação de seiva, impedindo que água e nutrientes absorvidos pelas raízes cheguem à copa, e que os fotoassimilados produzidos pelas folhas alimentem as raízes. O resultado é um declínio progressivo da árvore, que perde vigor produtivo e qualidade de fruto. Sem o manejo adequado, a infecção evolui para o anelamento completo do tronco, levando à morte da planta e exigindo sua erradicação, o que gera prejuízos econômicos diretos ao produtor devido à perda do investimento e da capacidade produtiva da área.

O controle da gomose é complexo e baseia-se fundamentalmente na prevenção e no manejo cultural integrado. Uma vez que o patógeno está presente no solo e na água de irrigação, a estratégia agronômica foca em evitar que a planta ofereça condições favoráveis à infecção. Isso envolve desde a escolha genética do material de plantio até práticas cotidianas de manutenção do pomar. A compreensão técnica dessa doença é indispensável para agrônomos e citricultores que buscam manter a longevidade e a alta produtividade de seus talhões.

Principais Características

  • Exsudação de Goma: O sintoma mais visível é a liberação de uma goma escura e pegajosa através de fendas na casca, localizada principalmente na base do tronco (colo) ou nas raízes principais expostas.

  • Lesões no Tronco: Formação de lesões necróticas na casca que podem se estender verticalmente e horizontalmente; ao raspar a casca afetada, observa-se uma coloração marrom-escura no tecido interno, contrastando com o branco-creme do tecido sadio.

  • Clorose Foliar: A copa da planta apresenta um amarelamento generalizado (clorose) das folhas, muitas vezes com clareamento das nervuras, assemelhando-se a sintomas de deficiência nutricional (especialmente de nitrogênio) devido à má absorção radicular.

  • Definhamento da Copa: Ocorre a queda prematura de folhas, seca de ponteiros e ramos, resultando em uma copa rala e pouco vigorosa, com frutos que tendem a ficar pequenos e ácidos.

  • Agente Causal: Causada por espécies do gênero Phytophthora, que possuem estruturas de resistência (clamidósporos) capazes de sobreviver no solo por longos períodos e esporos móveis (zoósporos) que nadam na água do solo até as raízes.

Importante Saber

  • Uso de Porta-Enxertos Resistentes: A medida de controle mais eficiente é a utilização de porta-enxertos tolerantes ou resistentes, como o Citrumelo Swingle, a Tangerina Cleópatra e o Poncirus trifoliata, em detrimento de variedades suscetíveis como o Limão Cravo em áreas de risco.

  • Atenção à Drenagem: Solos encharcados ou com má drenagem são o ambiente ideal para a proliferação do fungo; portanto, o manejo da irrigação e a sistematização do terreno para evitar acúmulo de água são cruciais.

  • Profundidade de Plantio: O plantio profundo, onde o colo da planta fica enterrado ou em contato direto com o solo úmido, aumenta drasticamente a incidência da doença; o colo deve permanecer sempre arejado e acima da linha do solo.

  • Altura da Enxertia: Recomenda-se que a enxertia seja realizada a uma altura mínima de 30 a 40 cm do solo para dificultar que respingos de chuva ou água de irrigação transportem o patógeno do solo para a copa (enxerto) suscetível.

  • Cuidado com Ferimentos: Deve-se evitar ferimentos no tronco e nas raízes durante as capinas mecânicas ou roçadas, pois essas lesões servem como porta de entrada direta para o patógeno.

  • Evitar a “Amontoa”: Jamais se deve acumular terra, esterco ou matéria orgânica em decomposição diretamente em contato com o tronco da árvore, pois isso cria um microclima úmido favorável à infecção.

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