Módulo 3 - Aula 3: Controle das Principais Pragas em Culturas de Grãos
Domine o monitoramento com pano-de-batida e as estratégias de controle para Helicoverpa, Spodoptera, percevejos e cigarrinhas com 85% de eficácia
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A Helicoverpa refere-se a um gênero de mariposas da família Noctuidae, cujas lagartas representam uma das ameaças fitossanitárias mais severas para a agricultura brasileira e mundial. No contexto nacional, a espécie Helicoverpa armigera ganhou notoriedade a partir da safra 2012/2013, quando sua identificação oficial coincidiu com surtos populacionais que causaram prejuízos bilionários em diversas regiões produtoras. Trata-se de uma praga polífaga, ou seja, com capacidade de se alimentar e reproduzir em uma vasta gama de culturas, incluindo soja, milho, algodão, feijão, tomate e diversas plantas daninhas.
Diferente de lagartas desfolhadoras comuns, a Helicoverpa possui um comportamento preferencial de ataque às estruturas reprodutivas das plantas, como botões florais, vagens, espigas e maçãs (no caso do algodão). Isso significa que o dano causado impacta diretamente a produtividade final, pois destrói o grão ou fruto já em formação, e não apenas a área foliar. Essa característica torna o Nível de Controle (NC) para esta praga consideravelmente mais rigoroso do que para outras espécies.
O manejo desta praga é complexo devido à sua alta mobilidade, grande capacidade reprodutiva e, principalmente, ao histórico de resistência a diversas moléculas químicas e a algumas proteínas inseticidas expressas em plantas geneticamente modificadas (tecnologia Bt). Por isso, a presença de Helicoverpa na lavoura exige a adoção estrita do Manejo Integrado de Pragas (MIP), com monitoramento constante e rotação de táticas de controle.
Hábito Alimentar: As lagartas preferem alimentar-se de estruturas reprodutivas (flores, vagens e frutos), causando perdas diretas na produção, embora também consumam folhas e brotos em estágios iniciais.
Polifagia Extrema: Possui capacidade de sobreviver e completar seu ciclo em mais de 200 espécies de plantas hospedeiras, o que facilita sua permanência no campo através da “ponte verde” entre safras e plantas daninhas.
Ciclo Biológico: Apresenta alto potencial biótico, com fêmeas capazes de depositar centenas de ovos (geralmente de forma isolada nas partes aéreas das plantas) e um ciclo de vida que pode variar de 30 a 60 dias, dependendo da temperatura.
Morfologia: As lagartas apresentam coloração variável (verde, amarela, marrom ou preta) dependendo da alimentação, mas caracterizam-se pela presença de pelos brancos (cerdas) que nascem de uma base escura arredondada, além de uma postura curvada (“em sela”) quando perturbadas.
Resistência: A espécie H. armigera possui mecanismos genéticos que favorecem o desenvolvimento rápido de resistência a inseticidas e tecnologias Bt se não houver manejo adequado de refúgio e rotação de princípios ativos.
Monitoramento Rigoroso: Devido ao ataque direto às vagens e espigas, o monitoramento deve ser frequente. O uso do pano-de-batida é essencial na soja, enquanto no milho deve-se inspecionar as espigas, pois a lagarta tende a ficar protegida dentro delas.
Identificação Correta: É comum confundir a Helicoverpa com a Heliothis virescens ou com a Helicoverpa zea (lagarta-da-espiga). A diferenciação exata muitas vezes requer análise laboratorial ou uso de lupa de bolso para verificar a inserção das cerdas e a textura da pele da lagarta.
Momento de Controle: A eficiência dos métodos de controle (químico ou biológico) é drasticamente maior em lagartas pequenas (até 1,5 cm). Lagartas grandes, além de causarem mais dano, são muito mais difíceis de controlar e exigem doses maiores ou produtos específicos.
Rotação de Modos de Ação: Para evitar a seleção de populações resistentes, é crucial não utilizar repetidamente o mesmo ingrediente ativo. A rotação de inseticidas com diferentes mecanismos de ação é obrigatória para a sustentabilidade do manejo.
Uso de Biológicos: O controle biológico com Trichogramma (parasitoide de ovos) e Baculovírus tem se mostrado uma ferramenta eficaz e necessária para reduzir a pressão populacional e preservar os inimigos naturais no sistema produtivo.
Áreas de Refúgio: O plantio de áreas de refúgio (plantas não-Bt) é fundamental para manter a suscetibilidade da praga às tecnologias transgênicas, garantindo a longevidade das sementes com biotecnologia.
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