Capim-amargoso: como fazer o manejo e controle na sua lavoura
Capim-amargoso: época certa para controle, quais herbicidas usar e as principais dicas para minimizar casos de resistência e evitar prejuízos
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O termo refere-se ao conjunto de estratégias de controle químico voltadas para o manejo da Digitaria insularis, popularmente conhecida como capim-amargoso. Esta é uma das plantas daninhas de maior complexidade no cenário agrícola brasileiro, especialmente em sistemas de produção de grãos como soja e milho. O uso de herbicidas para esta finalidade não se resume à aplicação de um único produto, mas sim a um planejamento técnico que envolve a escolha de princípios ativos específicos, rotação de mecanismos de ação e o momento exato da aplicação para superar as defesas biológicas da planta.
A relevância deste tema cresceu exponencialmente nas últimas décadas devido à seleção de biótipos resistentes. Inicialmente controlado com facilidade pelo glifosato, o capim-amargoso desenvolveu resistência a este herbicida a partir de 2008 e, mais recentemente, casos de resistência a graminicidas (inibidores da ACCase) também foram relatados. Isso transformou o manejo químico em um desafio econômico e agronômico, exigindo que o produtor adote misturas em tanque, aplicações sequenciais e o uso intensivo de herbicidas pré-emergentes para evitar a competição inicial e a perda de produtividade na lavoura.
Necessidade de Translocação: Para ser efetivo em plantas perenes, o herbicida precisa ser sistêmico, ou seja, deve translocar das folhas até os rizomas (estruturas de reserva subterrâneas), impedindo a rebrota da touceira.
Rotação de Mecanismos de Ação: Devido à alta capacidade de seleção de resistência, o manejo químico eficaz exige a alternância entre inibidores da EPSPs (como glifosato), inibidores da ACCase (graminicidas específicos) e inibidores da ALS ou Protox, dependendo do estágio da planta e da cultura instalada.
Controle em Estágios Iniciais: A eficácia dos herbicidas é drasticamente superior quando aplicados em plantas jovens, antes da formação dos rizomas (até 45 dias após a emergência) ou quando as touceiras estão em estágios iniciais de desenvolvimento vegetativo.
Uso de Pré-emergentes: Uma característica fundamental do manejo moderno é a utilização de herbicidas com ação residual no solo para controlar o banco de sementes, visto que uma única inflorescência pode produzir mais de 100 mil sementes leves e de fácil dispersão.
Aplicações Sequenciais: Para o controle de touceiras adultas e perenizadas, uma única aplicação raramente é suficiente. O protocolo padrão muitas vezes envolve uma primeira aplicação para interromper o crescimento e uma segunda aplicação (sequencial) dias depois para finalizar o controle da rebrota.
Janela de Controle Crítica: O momento ideal para o uso de herbicidas é na entressafra ou no manejo outonal. Deixar para controlar o capim-amargoso apenas na pós-emergência da cultura principal (soja ou milho) reduz as opções de moléculas disponíveis e aumenta o risco de fitotoxicidade para a lavoura.
Biologia dos Rizomas: A planta começa a formar rizomas cerca de 45 dias após a emergência. Após esse período, a planta torna-se perene e a dificuldade de controle químico aumenta significativamente, pois as reservas de amido nos rizomas permitem que a planta rebrote mesmo após a queima da parte aérea.
Impacto Econômico da Resistência: O controle de populações resistentes ao glifosato pode elevar o custo de produção em quase 300%. Se houver resistência múltipla ou infestação conjunta com outras daninhas como a buva, esse custo pode quadruplicar, inviabilizando margens de lucro se não houver prevenção.
Tecnologia de Aplicação: A eficiência do herbicida depende diretamente da qualidade da aplicação. Fatores como volume de calda, tipo de ponta, condições climáticas e uso de adjuvantes adequados são essenciais para garantir que o produto seja absorvido e translocado corretamente, especialmente em plantas com cutícula espessa ou pilosidade.
Integração de Métodos: O uso exclusivo de herbicidas (controle químico) não é sustentável a longo prazo. É vital integrar o manejo químico com práticas culturais, como a produção de palhada para cobertura do solo, que inibe a germinação das sementes que necessitam de luz.
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