O que é Herbicidas Para Picão Preto

Herbicidas para picão-preto referem-se ao conjunto de defensivos agrícolas químicos utilizados para o controle e manejo das espécies Bidens pilosa e Bidens subalternans em lavouras comerciais, principalmente soja e milho. O picão-preto é uma planta daninha de ciclo anual, com alta capacidade de produção de sementes e ampla distribuição no território brasileiro. O uso desses herbicidas é fundamental para evitar a matocompetição, que pode reduzir drasticamente a produtividade das culturas, além de impedir que a planta sirva de “ponte verde” para pragas e doenças na entressafra.

Historicamente, o controle químico dessa planta passou por diversas fases. Inicialmente, utilizavam-se herbicidas inibidores da ALS e do Fotossistema II, até que as populações de picão-preto desenvolveram resistência a esses mecanismos de ação nas décadas de 1990 e 2000. Com a introdução da tecnologia RR (soja resistente ao glifosato), o manejo foi simplificado, tornando o glifosato a principal ferramenta de controle. No entanto, o cenário atual exige uma abordagem mais técnica e diversificada devido ao risco iminente de resistência também a este herbicida, já identificada em países vizinhos como o Paraguai.

Portanto, a definição moderna de herbicidas para picão-preto não se limita a um único produto, mas envolve um planejamento estratégico que inclui a rotação de mecanismos de ação, o uso de pré-emergentes e o manejo na pós-emergência. O objetivo é controlar não apenas as plantas adultas, mas também gerenciar o banco de sementes no solo, que possui alta longevidade, garantindo a sustentabilidade do sistema produtivo e evitando a seleção de biótipos resistentes.

Principais Características

  • Mecanismos de Ação Diversificados: O controle químico do picão-preto envolve classes distintas, como inibidores da ALS (ex: imazethapyr, chlorimuron), inibidores do Fotossistema II (ex: atrazina) e inibidores da EPSPs (glifosato), embora a resistência já documentada exija cautela na escolha.

  • Controle do Banco de Sementes: Devido à capacidade das sementes de germinar a partir de grandes profundidades (cerca de 10 cm) e permanecerem viáveis por mais de 5 anos, o uso de herbicidas pré-emergentes e com efeito residual é uma característica essencial do manejo eficiente.

  • Limitação do Controle Cultural: Diferente de outras plantas daninhas, o picão-preto consegue romper a barreira física da palhada com facilidade; por isso, o controle químico (herbicidas) assume um protagonismo maior do que o controle físico por cobertura morta.

  • Necessidade de Aplicação Sequencial: Em áreas com alta infestação ou presença de biótipos resistentes, muitas vezes é necessário realizar aplicações sequenciais ou associar produtos de contato e sistêmicos para garantir a dessecação completa antes do plantio.

  • Especificidade por Espécie: Embora Bidens pilosa e Bidens subalternans sejam morfologicamente semelhantes, elas possuem históricos de resistência ligeiramente diferentes, o que pode influenciar a eficácia de certos grupos químicos.

Importante Saber

  • Alerta de Resistência ao Glifosato: A identificação de populações resistentes ao glifosato no Paraguai representa um risco imediato para o Brasil, especialmente em regiões de fronteira com trânsito intenso de máquinas, exigindo monitoramento constante e rotação de princípios ativos.

  • Manejo de Entressafra é Crucial: O controle deve ser rigoroso na entressafra para evitar a “ponte verde”, pois o picão-preto é um hospedeiro importante de nematoides do gênero Meloidogyne, que podem comprometer a safra seguinte.

  • Identificação Correta: Diferenciar as espécies é importante para o manejo técnico; a B. pilosa geralmente possui 2 a 3 aristas (“ganchinhos”) na semente, enquanto a B. subalternans apresenta 4 aristas.

  • Estádio Ideal de Controle: A eficiência dos herbicidas é significativamente maior quando aplicados em plantas jovens; plantas adultas e perenizadas são mais difíceis de controlar e podem exigir doses mais elevadas ou misturas de tanque.

  • Histórico de Resistência Múltipla: No Brasil, já existem registros de biótipos com resistência múltipla (a inibidores da ALS e do Fotossistema II simultaneamente), o que restringe as opções de herbicidas seletivos na pós-emergência das culturas convencionais.

  • Condições de Germinação: O picão-preto germina preferencialmente em temperaturas amenas (próximas a 15°C), o que pode concentrar os fluxos de emergência em períodos específicos, facilitando o planejamento da aplicação de herbicidas.

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