Artigos sobre Horizonte de Solos

O que é Horizonte De Solos

Os horizontes do solo são as camadas horizontais que compõem o perfil do solo, distinguindo-se umas das outras por características físicas, químicas e biológicas, como cor, textura, estrutura e teor de matéria orgânica. Essas camadas são formadas ao longo de milhares de anos através do processo de pedogênese, que envolve a interação entre o material de origem (rocha), clima, relevo e organismos vivos. Para o agronegócio, a compreensão dessas camadas é fundamental, pois é nelas que as raízes das culturas se desenvolvem, buscam água e absorvem nutrientes.

No contexto agrícola brasileiro, a identificação correta dos horizontes permite um manejo mais assertivo. Geralmente, o foco do produtor está no Horizonte A (camada superficial, rica em matéria orgânica e atividade biológica) e no Horizonte B (subsolo, onde ocorre acumulação de argilas e minerais). A profundidade e a qualidade desses horizontes determinam o potencial produtivo da terra. Solos profundos, como os Latossolos, permitem um enraizamento vigoroso, enquanto solos com horizontes restritivos ou rochosos exigem manejos específicos de conservação.

Eventos climáticos extremos, como as enchentes mencionadas no artigo de referência, impactam diretamente a integridade dessas camadas. A erosão hídrica tende a remover o Horizonte A, levando embora a fertilidade construída ao longo de safras, expondo horizontes subsuperficiais que são naturalmente mais pobres e ácidos. Por outro lado, inundações podem depositar sedimentos sobre o solo original, criando novas camadas físicas que alteram a dinâmica de infiltração e aeração, exigindo um diagnóstico preciso do perfil do solo para a recuperação da lavoura.

Principais Características

• Estratificação em Camadas: O perfil do solo é tipicamente dividido em horizontes principais: O (orgânico superficial), A (mineral com húmus), B (acumulação de argila/minerais) e C (material de origem intemperizado), variando conforme a classe de solo.
• Variação de Cor: A cor é um indicador visual prático; horizontes superficiais tendem a ser mais escuros devido à matéria orgânica, enquanto os subsuperficiais apresentam cores avermelhadas ou amareladas (óxidos de ferro) ou acinzentadas (em ambientes saturados por água).
• Diferença de Textura: Em muitos solos brasileiros, como os Argissolos, ocorre um aumento do teor de argila do horizonte A para o B (gradiente textural), o que influencia diretamente a retenção de água e a suscetibilidade à erosão.
• Estrutura Física: A forma como as partículas se agregam muda com a profundidade; o horizonte A geralmente possui estrutura granular (favorável às raízes), enquanto o B pode apresentar blocos ou prismas, sendo naturalmente mais denso.
• Atividade Biológica: A macro e microbiologia do solo (fungos, bactérias, minhocas) concentram-se majoritariamente nos horizontes superiores (O e A), diminuindo drasticamente em profundidade.

Importante Saber

• Diagnóstico de Perfil: Para recuperar áreas degradadas ou pós-enchente, não basta analisar apenas a camada arável (0-20 cm); é crucial abrir trincheiras para avaliar o estado físico e químico dos horizontes mais profundos (até 60 cm ou mais).
• Impacto da Erosão: A perda do horizonte A é o prejuízo mais severo da erosão laminar, pois remove a “caixa econômica” da fazenda (adubos e matéria orgânica), expondo o horizonte B, que é mais difícil de cultivar e menos permeável.
• Barreiras Físicas e Químicas: A transição entre horizontes pode apresentar impedimentos, como camadas compactadas (pé-de-grade) ou zonas de alta concentração de alumínio tóxico, que limitam o crescimento radicular em profundidade.
• Deposição de Sedimentos: Após enchentes, uma nova camada de sedimentos (areia ou silte) pode se formar sobre o horizonte A original; identificar a espessura dessa deposição é vital para decidir entre misturar o solo ou remover o material depositado.
• Drenagem Interna: A permeabilidade do solo depende da interação entre os horizontes; se o horizonte B for muito argiloso ou compactado, a água da chuva ou de enchentes terá dificuldade de infiltrar, causando alagamentos prolongados e asfixia radicular.