O que é Inimigos Naturais De Pragas

Os inimigos naturais de pragas são organismos que vivem no agroecossistema e utilizam os insetos-praga como fonte de alimento ou hospedeiro para seu desenvolvimento, atuando como agentes de controle biológico. No contexto da agricultura brasileira, eles desempenham um papel fundamental na regulação populacional de espécies nocivas, impedindo ou retardando que estas atinjam o Nível de Dano Econômico (NDE). A presença desses organismos é um indicativo de equilíbrio ecológico na lavoura, sendo a base para a implementação bem-sucedida do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Existem três categorias principais de inimigos naturais: os predadores, que capturam e consomem suas presas (como joaninhas e tesourinhas); os parasitoides, que depositam ovos dentro ou sobre a praga, levando-a à morte durante o desenvolvimento da larva (como as vespas Trichogramma); e os entomopatógenos, que são microrganismos (fungos, vírus, bactérias e nematoides) que causam doenças letais nos insetos. Em grandes monoculturas, a simplificação do ambiente tende a reduzir a população desses benéficos, o que exige do produtor estratégias de conservação ou a reintrodução desses agentes através do controle biológico aplicado.

Principais Características

  • Diversidade de Ação: Atuam de formas distintas, seja pela predação direta (consumo imediato), parasitismo (morte lenta e reprodutiva) ou infecção patogênica (doenças), cobrindo diferentes estágios de vida da praga.

  • Especificidade Variável: Alguns inimigos naturais são generalistas, alimentando-se de várias espécies de pragas, enquanto outros são altamente específicos, atacando apenas um tipo de inseto, o que é ideal para controles direcionados.

  • Dependência de Densidade: A população de inimigos naturais geralmente cresce em resposta ao aumento da população da praga; no entanto, existe um “atraso” temporal entre o pico da praga e o pico do inimigo natural.

  • Sensibilidade Química: Geralmente, os inimigos naturais são mais sensíveis a defensivos agrícolas do que as próprias pragas, o que torna o uso indiscriminado de inseticidas de amplo espectro uma das maiores ameaças à sua sobrevivência.

  • Necessidade de Refúgio: Para se manterem na área quando a população de pragas está baixa, muitos desses organismos necessitam de fontes alternativas de alimento (como pólen e néctar) e abrigo, favorecidos pela biodiversidade vegetal.

Importante Saber

  • Monitoramento é Essencial: Durante as vistorias da lavoura para o MIP, é crucial quantificar não apenas as pragas, mas também a presença de inimigos naturais, pois uma alta população de benéficos pode dispensar ou adiar a necessidade de controle químico.

  • Seletividade de Produtos: Ao escolher um defensivo agrícola, deve-se priorizar produtos seletivos, que controlem a praga alvo mas tenham baixo impacto sobre a fauna benéfica (predadores e parasitoides) presente na área.

  • Identificação Correta: É comum que produtores confundam formas jovens de predadores (como larvas de joaninhas ou de crisopídeos) com pragas; saber identificar esses aliados evita aplicações desnecessárias que eliminariam o controle natural.

  • Controle Biológico Conservativo: Práticas como a manutenção de faixas de vegetação nativa, rotação de culturas e uso de plantas de cobertura ajudam a manter uma população estável de inimigos naturais na entressafra.

  • Controle Biológico Aplicado: Quando a população natural não é suficiente, é possível realizar a liberação inundativa de inimigos naturais produzidos em biofábricas (como Cotesia flavipes para broca-da-cana ou Trichogramma para lagartas), uma prática crescente no Brasil.

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