Inseticidas: Guia sobre Neonicotinoides, Organofosforados e Carbamatos
Mecanismo de ação dos inseticidas neonicotinoides, organofosforados e carbamatos: como eles funcionam no combate às pragas da sua lavoura
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Os inseticidas organofosforados representam um dos grupos químicos mais antigos e difundidos na agricultura brasileira, sendo classificados, assim como os neonicotinoides e carbamatos, como agentes neurotóxicos. A principal função desses compostos é atuar sobre o sistema nervoso dos insetos-praga, mas com um mecanismo de ação distinto. Enquanto outros grupos podem imitar neurotransmissores, os organofosforados agem inibindo a ação da acetilcolinesterase, uma enzima fundamental para a interrupção dos impulsos nervosos. Sem a atuação dessa enzima, ocorre um acúmulo de acetilcolina nas sinapses, levando o inseto a uma hiperexcitação nervosa contínua, convulsões, paralisia e, consequentemente, à morte.
No contexto do agronegócio brasileiro, estes produtos são conhecidos pelo seu amplo espectro de ação, sendo utilizados no controle de uma vasta gama de pragas, desde insetos mastigadores (como lagartas e besouros) até sugadores (como percevejos). Eles possuem, em sua maioria, ação de contato e ingestão, e alguns apresentam profundidade ou ação translaminar, embora a sistemicidade seja menos comum do que nos neonicotinoides. Devido à sua alta eficácia inicial, são frequentemente posicionados para o efeito de “choque” (knockdown) quando há necessidade de reduzir rapidamente altas infestações na lavoura.
Entretanto, o uso de organofosforados exige um nível elevado de responsabilidade técnica e agronômica. Por serem moléculas que também afetam a acetilcolinesterase em mamíferos, eles apresentam toxicidade aguda significativa para humanos e animais vertebrados. Isso demanda rigor absoluto no uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e respeito às normas regulatórias. Além disso, a pressão de seleção exercida por esses produtos ao longo de décadas tornou o manejo de resistência uma prioridade, exigindo a rotação com outros mecanismos de ação para manter a eficácia das aplicações no campo.
Mecanismo de Ação (Grupo 1B): Atuam como inibidores da acetilcolinesterase, impedindo a degradação do neurotransmissor acetilcolina nas sinapses nervosas.
Efeito de Choque: Geralmente proporcionam uma mortalidade rápida da praga após a aplicação, conhecido como efeito “knockdown”.
Amplo Espectro: São eficazes contra diversas ordens de insetos, o que os torna ferramentas versáteis em situações de múltiplas pragas simultâneas.
Modo de Entrada: A maioria age principalmente por contato direto com o alvo e por ingestão do tecido vegetal tratado.
Perfil Toxicológico: Apresentam, historicamente, uma classificação toxicológica mais elevada em comparação a grupos químicos mais modernos, exigindo cautela operacional.
Manejo de Resistência (MRI): É crucial rotacionar organofosforados com inseticidas de outros grupos químicos (que não sejam carbamatos, pois possuem o mesmo modo de ação) para evitar a seleção de populações resistentes.
Segurança do Aplicador: Devido à alta toxicidade aguda, o uso completo e correto de EPIs é inegociável para evitar intoxicações durante o preparo da calda e a aplicação.
Impacto em Não-Alvos: Estes produtos podem ser tóxicos para inimigos naturais e polinizadores (como abelhas); portanto, a aplicação deve evitar horários de forrageamento e deriva para áreas de preservação.
Intervalo de Segurança: Respeite rigorosamente o período de carência (intervalo entre a última aplicação e a colheita) para garantir que não haja resíduos acima do permitido no produto final.
Consulta ao Receituário: A recomendação deve ser sempre baseada no monitoramento da lavoura e prescrita por um engenheiro agrônomo, verificando o registro atualizado do produto no Ministério da Agricultura (Agrofit).
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