O que é Insetos Cigarra

Os insetos conhecidos popularmente como cigarras pertencem à ordem Hemiptera e à família Cicadidae. No contexto do agronegócio brasileiro, especialmente na cafeicultura, elas representam uma praga de solo de grande importância econômica. Embora o canto dos adultos seja a característica mais notória, o verdadeiro dano à agricultura é causado pelas formas jovens, denominadas ninfas, que vivem no subsolo. Espécies como a Quesada gigas, Fidicina spp. e Carineta spp. são frequentemente encontradas em lavouras, com destaque para as regiões produtoras de Minas Gerais e São Paulo.

O ciclo de vida desses insetos é longo e está intimamente ligado à fenologia das plantas hospedeiras e ao regime de chuvas. As ninfas fixam-se nas raízes das plantas para sugar a seiva, o que debilita a cultura, reduzindo a capacidade de absorção de água e nutrientes. Esse ataque subterrâneo muitas vezes passa despercebido nos estágios iniciais, tornando o monitoramento uma prática essencial dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O impacto das cigarras não se restringe apenas à sucção de seiva. Ao perfurarem o sistema radicular, as ninfas abrem portas de entrada para patógenos de solo, como fungos e bactérias, que podem agravar o estado sanitário da lavoura. Em infestações severas e não controladas, pode ocorrer a morte da planta ou uma redução drástica na produtividade, exigindo intervenções de manejo precisas e baseadas em níveis de controle técnicos.

Principais Características

  • Hábito Subterrâneo das Ninfas: A fase ninfal é a mais longa e danosa, onde o inseto permanece enterrado (podendo chegar a mais de 60 cm de profundidade) sugando a seiva do xilema nas raízes pivotantes e secundárias.

  • Ciclo de Vida Longo: Diferente de muitas pragas agrícolas, o ciclo da cigarra pode durar de um a vários anos, dependendo da espécie, o que permite a sobreposição de gerações no campo.

  • Sazonalidade da Emergência: A saída dos adultos do solo para a reprodução ocorre geralmente no início da estação chuvosa (setembro a novembro no Brasil), momento em que deixam os orifícios característicos no solo e as exúvias (cascas) nos troncos.

  • Danos Fisiológicos: A sucção contínua de seiva causa depauperamento das plantas, manifestando-se na parte aérea através de clorose (amarelecimento) das folhas, queda prematura de folhas e frutos, e seca dos ponteiros.

  • Oviposição nos Ramos: As fêmeas adultas depositam seus ovos em ramos e galhos; após a eclosão, as ninfas móveis caem ao solo e penetram na terra em busca das raízes, reiniciando o ciclo de dano.

Importante Saber

  • Monitoramento Ativo é Crucial: Diferente de pragas da parte aérea, a contagem de cigarras exige a abertura de trincheiras no solo (geralmente de 50x50x50 cm) sob a projeção da copa para contabilizar o número de ninfas nas raízes e decidir sobre o controle.

  • Confusão de Sintomas: Os sintomas visuais do ataque de cigarras (amarelecimento e definhamento) podem ser facilmente confundidos com deficiências nutricionais, estresse hídrico ou ataque de nematoides, exigindo diagnose correta antes da aplicação de insumos.

  • Momento Ideal de Controle: A eficiência do controle químico ou biológico é maior quando aplicado no início das chuvas, visando atingir as ninfas recém-eclodidas (que ainda estão superficiais) ou as ninfas móveis que estão descendo para o solo.

  • Controle Biológico: O uso de fungos entomopatogênicos, como o Metarhizium anisopliae, tem se mostrado uma ferramenta eficaz e sustentável no manejo dessa praga, alinhando-se aos princípios do MIP para preservação do ecossistema.

  • Relação com o Sistema de Cultivo: Lavouras com desequilíbrio nutricional ou solos compactados podem sofrer mais com o ataque, pois o sistema radicular já se encontra comprometido, diminuindo a tolerância da planta à praga.

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